Laudo técnico atesta que água da Pureza não atende parâmetros de qualidade para consumo

A amostra coletada não atende aos padrões estabelecidos pela legislação

09/02/2024 – Em entrevista coletiva realizada no último dia 29, a presidente da CPI do Saae, vereadora Rosilene Félix Guimarães “Rose”, apresentou um laudo técnico referente a uma amostra de água que estava sendo entregue pela ETA aos itabiranos. De acordo com o documento, a água distribuída não atendia aos padrões legais. “A presente amostra não atende aos padrões estabelecidos pela legislação, de 4 de maio de 2021, no quesito turbidez”.

Com base no documento, a vereadora concluiu, conforme informou, que a água oferecida pelo Saae hoje é imprópria e não atende o padrão de qualidade para o consumo humano.

Segundo Rose Félix, a análise foi encomendada por um morador do bairro Jardim dos Ipês, onde foi coletada a amostra. A própria presidente, que também mora no mesmo bairro, afirma estar sofrendo com o problema em casa e de estar tendo que comprar água mineral.

Rose Félix adiantou que o Ministério Público será notificado para tomar medidas urgentes

Coletada no dia 14 de janeiro, a água foi analisada pelo laboratório Bio Prolab, de Belo Horizonte. Durante a coletiva de imprensa, a vereadora ainda mostrou o laudo assinado por duas biólogas inscritas no Conselho Regional de Biologia 4ª Região (MG, GO, TO e DF), Claudimei Diniz e Jacqueline Gomes Barreto.

O morador que encomendou a análise do produto assegurou à comissão que seguiu todas as orientações do laboratório na coleta da água, evitando eventual adulteração de resultado. Assim que foi concluído, a comissão de vereadores entregou o relatório com o laudo da análise para Agência Reguladora Intermunicipal de Saneamento Básico (Arisb).

Segundo Rose Félix, a amostra de água para a pesquisa foi entregue no final da tarde do dia 14 ao laboratório, que iniciou a análise do produto na manhã do dia 15. O resultado foi concluído no dia 19 de janeiro, quatro dias depois de o Saae ter anunciado que havia identificado e corrigido o problema operacional que causou turbidez na água distribuída aos itabiranos pela ETA Pureza.

A população vem denunciando turbidez e sujeira na água recebida em casa desde o derramamento de óleo no manancial da Pureza, em 10 de novembro, e segundo a vereadora, nenhuma medida foi tomada pelo Saae e nem pela Prefeitura para resolver o problema, além de tentativas de justificar a situação. “Havia sempre uma desculpa para não assumir a responsabilidade e mais, uma desculpa pra não dizer com transparência para a população que essa água não está dentro dos parâmetros de qualidade exigidos para o consumo. A água é para chegar em nossa casa no ponto de ser ingerida por nós, nossos animais, para fazer a higiene pessoal e do jeito que chega não é possível fazer uso”.

Além de sujeira e óleo na água, o itabirano ainda foi surpreendido por uma mortandade de centenas de peixes no local.

O fato tratado como choque térmico pela instituição, também pode ter sido provocado por outras causas, conforme sugere laudo emitido pela Ecoar Monitoramento Ambiental, empresa de João Monlevade contratada pelo Saae para examinar a ocorrência. O relatório emitido indicou como causa choque térmico e diminuição do oxigênio da água causado pelas fortes chuvas caídas dias antes, sem descartar outros fatores, como contaminação do barramento em data anterior por restos de material levado pelas águas das chuvas. Mas para a população foi informado apenas o choque térmico.

Para a vereadora, “essa omissão da autarquia em dar transparência ao que acontece, aos laudos realizados, ao trabalho realizado, é que causa essa insegurança na população”, disse, justificando a importância da CPI.

Foi para dar agilidade aos trabalhos e às inspeções que a comissão se apressou a entregar o relatório da amostra de água na Arisb. Na ocasião, aproveitou para solicitar também que a agência reguladora faça um mapeamento na rede distribuição de água que chega nos bairros, principalmente nas localidades mais afetadas como Jardim do Ipês, Santa Tereza, Gabiroba, condomínio Vila da Serra, loteamentos Flamboyant e Fazenda do Lago. Também deverá ser feita uma inspeção nos reservatórios dos bairros Jardim do Ipês, Juca Batista e Santa Marta.

O Ministério Público também será notificado pela comissão para tomar medidas urgentes dentro da competência. Há uma intenção também de se promover por meio da CPI uma ação civil pública para solicitar danos morais coletivos.

Prefeito é contra CPI aceitar laudo de outra instituição para atestar qualidade da água de Itabira

Durante a entrevista na rádio Pontal, o prefeito Marco Antônio Lage (PSB) disse que ainda não entendeu o objetivo da CPI do Saae, apesar de mostrar ter se esforçado para isso. “Tô tentando estudar. Pergunto todos os dias, pergunto aos vereadores da base, pergunto ao meu pessoal de governo. Eu ainda não sei se você sabe exatamente qual é o ponto que a CPI do Saae quer chegar. Qual é a questão principal. Porque eu te digo o seguinte, zero problema ético dentro do Saae”, declarou o prefeito.

De acordo com ele, essa é uma CPI que também lhe cheira a politicagem, porque não tem muito objeto e porque o problema da água suja em Itabira já vem de longas datas. Ele condenou inclusive o fato do colegiado ter divulgado durante coletiva à imprensa o laudo técnico que comprova que a água de Itabira analisada está inapropriada para o consumo humano, pelo fato da análise não ter sido feita pelo Saae, o que considerou um desrespeito aos servidores que atuam lá.

“Vai fazer uma análise dizendo que a égua do Saae é imprópria para o consumo e divulga isso. Isso pra mim não é uma CPI séria”.

“Quem é o laboratório que fez essa análise? Quem pagou esse laboratório? Quanto custou essa análise? Eu acho que quando você divulga um documento de um laboratório que eu não sei quem pagou, quanto custou e que laboratório é esse, é também uma afronta aos servidores do Saae. Pra mim, é um desrespeito aos servidores do Saae, porque o Saae tem um dos melhores laboratórios de Minas, mais aparelhados, certificado pelo Inmetro. Aí você vai recorrer a um outro laboratório que você não sabe quem é, pra dizer que a água é imprópria para consumo. Está desrespeitando não só os servidores, e a instituição Saae é uma instituição pública e séria”.