Líderes da oposição na Câmara e pré-candidato a prefeito Neidson (foto) e Rose Félix repercutem drama de Barão para alertar para risco de saída da Vale de Itabira
“Precisamos discutir o futuro e saber o que realmente é prioridade. Não dá para administrar Itabira e cuidar do futuro da cidade simplesmente com propaganda, marketing e mentiras. A realidade é muito dura, muito diferente da propaganda que está sendo colocada aí”
30/05/2024 – A notícia do fechamento repentino da usina da Gerdau em Barão de Cocais, ocorrido na segunda-feira (27), repercutiu na sessão ordinária da Câmara Municipal de Itabira remontando a dependência econômica de Itabira em relação à Vale. Vereadores da bancada oposicionista mostraram preocupação com a falta de investimento e abandono dos projetos de diversificação econômica no município nos últimos quatro anos. Com discursos contundentes chamaram a população para uma reflexão.
“Eu quero externar aqui a minha solidariedade com o nosso município vizinho, mas quero também aproveitar o momento para chamar a atenção da nossa população itabirana, porque nós também vivemos uma realidade da nossa de dependência econômica de uma empresa que a qualquer momento, como aconteceu em Barão, sem noticiar, sem dar indícios de uma maneira repentina, simplesmente anunciou a paralisação das atividades”, disse a vereadora Rosilene Félix Guimarães “Rose Félix” (PSD) que é pré-candidata a vice-prefeita de Itabira, puxando o assunto.
Fazendo menção à matéria publicada em um jornal da cidade, ela lembrou que situação idêntica aconteceu em Santa Bárbara no ano passado, deixando 650 trabalhadores demitidos. A vereadora aponta para o risco real de o mesmo acontecer com Itabira a qualquer momento, onde o desemprego afetaria no mínimo 15 mil pessoas, se considerados os empregos diretos e indiretos nas minas da cidade.
“E nós estamos aqui em Itabira vivendo esse quadro de dependência econômica e não estamos aproveitando a boa fase de arrecadação de Itabira. Lembrando que nós temos recorde de arrecadação. Itabira nunca teve tanto dinheiro e o que nós vemos é o nosso dinheiro sendo desperdiçado. Jogado fora, mal aproveitado. Sem nenhum projeto estruturante para a cidade sendo aproveitado. Sem nenhuma visão de futuro, sendo projetadas nas ações do prefeito [Marco Antônio Lage (PSB)].
Rose Félix chamou atenção para os riscos da farra com o dinheiro público num momento de arrecadação vultosa, deixando de investir no futuro para enganar o povo com um excesso de festas e de fachada.
“Então nós estamos vivendo a fase da bonança, mas ela não está sendo bem aproveitada. A população está sendo enganada com pão e circo, e nós não podemos deixar de mostrar o que está acontecendo e o que aconteceu em Barão, pode acontecer aqui também”, continuou ela.
“Então, que o itabirano reflita de como está sendo gasto o nosso dinheiro, porque além de gastar mal em praça, ainda há depreciação das empresas itabiranas e desvalorização da mão de obra itabirana por parte da Prefeitura. Então quero deixar aqui esse registro e demonstrar mais uma vez a minha preocupação com o futuro de Itabira”, concluiu.
A opinião do pré-candidato à prefeitura, vereador Neidson Dias Freitas (MDB) corrobora com a de sua companheira de chapa na disputa pelas eleições deste ano para a prefeitura. Ele reforça o alerta de Rose Félix para as consequências que o itabirano pode ter se continuar ignorando os fatos e negligenciando as reais necessidades do município.
“Muito triste essa situação. Nossa cidade está preparada para acordar com uma manchete dessa [487 demissões sem aviso prévio], porque aqui o prefeito de Barão de Cocais fala que nem sabia do assunto. Tomou consciência depois das demissões. Será que a nossa cidade está preparada ou está se preparando para o momento necessário de diversificar a economia dela. Porque o que nós estamos vendo é uma prefeitura que abandonou o que nós tínhamos de opção de diversificação econômica”.
Neidson Freitas ainda listou os projetos que foram criados em governos passados para evitar que a saída da Vale de Itabira seja o fim da cidade. “A Unifei [Universidade Federal de Itajubá] foi abandonada. O principal projeto de diversificação econômica. O Distrito Industrial que foi promessa de campanha nunca veio à tona. Nunca ouvi falar na construção do Distrito Industrial. Tivemos o anúncio de mil empregos fantasmas que poderiam chegar a 4 mil. Nós temos um prefeito que não trouxe uma empresa sequer para Itabira. Muito preocupante tudo isso”, desabafou o pré-candidato.
A preferência do prefeito Marco Antônio por empresas de fora, escancarando a depreciação das empresas itabiranas, na opinião de Neidson mostra o desprezo do prefeito pela cidade.
Cálculos realizados pelo gabinete do vereador tendo como base publicações feitas no diário eletrônico oficial da Prefeitura, demonstram investimento médio de R$ 200 milhões em contratações realizadas sem licitação, pegando carona em atas de outras cidades. As festas que se tornaram constantes na cidade já levaram mais de R$ 20 milhões.
“É isso que está acontecendo. Não trouxe [empresas] e tirou a oportunidade das empresas que estão aqui de gerar emprego, gerar renda. Porque o anúncio da semana é de uma licitação de mais de R$ 6 milhões de contratação de palcos pra festa. Já estamos chegando a um investimento de quase R$ 20 milhões para festas. Como a colega Rose disse, muito dinheiro sendo jogado fora sem pensar no futuro de Itabira”.
Ele apela para o bom senso e afirma que Itabira não pode continuar ignorando o tema da diversificação econômica. O vereador defende que é fundamental neste momento de arrecadação tão vantajosa investir em ciência e tecnologia, na captação de novas indústrias e priorizar as nossas empresas da cidade para a sustentabilidade social e econômica de Itabira nas próximas décadas.
“Precisamos discutir o futuro e saber o que realmente é prioridade. Não dá para administrar Itabira e cuidar do futuro de Itabira simplesmente com propaganda, marketing e mentiras. A realidade é muito dura, muito diferente da propaganda que está sendo colocada aí. Então que fique essa reflexão. Aconteceu do lado e se acontecesse aqui, a Prefeitura e o prefeito estão dando prioridade para essa discussão ou vão ficar aí só na propaganda?”