Heraldo faz avaliações e diz que aceita mudar de posicionamento político

“Mas não abro mão de projetos estruturantes para o município”, pondera

8/12/2024 – Os conflitos do presidente da Câmara Municipal de Itabira, Heraldo Noronha Rodrigues (Republicanos), com o prefeito Marco Antônio Lage (PSB), por pouco lhe custaram a reeleição. Foram dois anos, tempo que esteve na gestão do Legislativo, de oposição extrema e muitas vitórias no campo legislativo. Nesse período, com a ajuda da maioria, conforme ele frisa, a Câmara ocupou papel de protagonismo nas decisões políticas e administrativas da cidade.

Entretanto, os resultados nas urnas, com uma das maiores renovações no Legislativo e uma vitória histórica do prefeito, trouxeram a necessidade de uma nova reflexão. Contudo, Heraldo promete continuar defendendo a todo custo os projetos de desenvolvimento e sustentabilidade do município.

“A minha visão com projetos como a Unifei, por exemplo, tem que ter um olhar diferente. A construção do presídio, eu não mudo nesse pensamento meu”, ponderou, chamando atenção para a importância do Município se preparar para o fim da exploração mineral.
“O momento das obras grandiosas, de construir um hospital grandioso, de estruturar o município para outras opções econômicas, é agora. Ou Itabira não sobreviverá ao fim da mineração”, alertou.

Relação harmoniosa
Apesar de mais contido e disposto a diálogos mais suaves, provocados pelo susto nas urnas, o presidente chega ao final do mandato com uma avaliação positiva da gestão que encerra no dia 31 de dezembro próximo. Mas quer deixar a relação espinhosa mantida com o governo até às eleições municipais, em 6 de outubro, para trás e recomeçar um novo mandato, com posicionamento também diferente, até mesmo por respeito à escolha do povo.

prefeito teve 76% dos votos, a aprovação foi de 80%, foi inédita [aprovação]

“Eu digo que não tenho como ser oposição ao Governo [Municipal], porque a população mostrou nas urnas que quer ele [prefeito Marco Antônio] de novo. Vamos trabalhar com o governo discutindo os projetos, mas não tendo aquele embate de antes, que o povo não aprovou. O prefeito teve 76% dos votos, a aprovação foi de 80%, foi inédita [aprovação]. Ficar contra ele, é ser incoerente com a população. A vontade do povo é soberana. Eu até corri o risco de não ser reeleito por estar contra o governo”, justificou o presidente.

Sem arrependimento
Por outro lado, Heraldo Noronha afirma que não se arrependeu de seus atos nesta gestão. Os embates ocorridos foram necessários em defesa de classes mais frágeis e assegurar condições de manutenção e sobrevivência a entidades importantes na cidade.

Entre os embates, a briga pela alteração dos projetos de reajuste salarial dos servidores públicos municipais e o plano de cargos e salários são destacados por ele, como uma das mais duras quedas de braço com o governo. Mesmo diante de uma plateia enfurecida e recuo dos aliados, Heraldo Noronha não cedeu e só aceitou colocar o projeto para votação depois do governo atender todas as suas exigências, estendendo os mesmos benefícios previstos a todos os demais setores, considerados mais fracos.

Manifestações, xingamentos e mobilização de maior parte da classe, que lotou o plenário como forma de pressioná-lo, não foram capazes de forçá-lo a recuar do objetivo. O argumento mais usado era a inclusão. Com uma carga de experiência sindical, que inclui defesa de igualdade e equidade a todas as categorias, ele venceu a queda de braço, sendo aplaudido de pé.

Até mesmo os vereadores se preocuparam e ficaram reticentes, mas a gente tem uma experiência maior [em negociações] – eu venho de um sindicato grande e sei como funciona isso. Então o que estava ganho, que era o reajuste para os professores – a gente sabia que não perderia. Era uma coisa que já estava garantida. Era hora de ampliar os beneficiados. Precisávamos atender todas as áreas, buscamos melhorias para o plano de cargo e salários e atendemos um leque muito maior do que estava previsto inicialmente. Incluímos ali as merendeiras, as auxiliares de creche, serventes. No final, eu fui aplaudido de pé”, recordou.

Outro projeto que deu trabalho foi o que pedia a autorização da Câmara para o repasse de recursos no valor de R$ 1 milhão para o clube Valério participar do Campeonato Mineiro de futebol. Ele estabeleceu condição para colocar o projeto em votação, propondo o repasse de recursos da própria Câmara Municipal referente ao duodécimo para entidades como a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), asilo Lar de Ozanam, Associação Oncoviva – de assistência a pacientes com câncer, Hospital Nossa Senhora das Dores (HNSD) e aos marujeiros.

Nem mesmo ameaças pessoais contra ele e sua família, incluindo manifestação na frente de sua casa, o fizeram voltar atrás, marcando nova vitória contra o governo. Para o presidente, embora não se opusesse a ajudar o clube esportivo itabirano, as entidades precisavam muito mais de ajuda, o que foi reconhecido com a aprovação de sua proposta.
Também liderada por Heraldo Noronha, a rejeição à reforma administrativa proposta pelo prefeito foi outro ponto de divisão entre os poderes Executivo e Legislativo. Para o presidente, não era o momento para se criar novas pastas e sua decisão prevaleceu.

Modernização da Câmara é a cereja que faltava para Heraldo deixar sua marca na história do Legislativo

A gestão de Heraldo Noronha não se limitou a brigas e embates com o prefeito. Ele, que se apresenta com o título de o “Original”, com certeza entrará para a história do Legislativa por ter promovido a maior reforma estrutural do prédio da Câmara.

Presidente apresentou as mudanças com a nova ampliação e revitalização

Preocupado em receber melhor o cidadão que prestigia os parlamentares, o presidente implementou uma nova roupagem geral no prédio da Câmara. Ele defende que é obrigação do poder Legislativo zelar pelo patrimônio público. “A Câmara é a casa do povo. Além do trabalho dos vereadores, a Câmara também é utilizada para diversos eventos, e por isso precisa ser bem cuidada”, relatou Heraldo Noronha.

A sede da Câmara foi construída há mais de 30 anos e já passou por diversas reformas, mas essa é a maior delas, com intervenções em toda a edificação e inclusão de um prédio anexo. Heraldo Noronha destacou que a mudança trará benefícios financeiros ao município, com uma estrutura mais adequada para as atividades da Câmara, como atendimentos à população e realização das sessões.

O objetivo é deixar o ambiente mais harmonioso e condizente para receber vereadores, funcionários e o cidadão.

A obra modifica instalações internas, com ampliação de salas, revitalização dos gabinetes de vereadores, substituição de todo o piso, contrapisos e revestimentos, melhoria e novos banheiros e substituição de toda a rede de comunicação e elétrica.

Um dos destaques da obra é a modificação da recepção, que passa por completa mudança. O Centro de Apoio ao Cidadão (CAC) ganha espaço próprio para seu funcionamento, assim como cada setor do serviço legislativo terá sua sala, adequada para o serviço ofertado.

O projeto traz ainda a construção de um plenário em anexo para funcionamento do Parlamento Jovem e demais atividades da Escola do Legislativo.

Outro ponto importante nessa obra é a revitalização completa de almoxarifado, cozinha e ambientes de trabalho dos colaboradores terceirizados, como motoristas, funcionários que cuidam da limpeza e recepção.

Para garantir a acessibilidade segura e funcional, o prédio vai receber dois elevadores.
O custo da obra aproxima-se de R$ 6 milhões, valor aplicado com recursos próprios do poder Legislativo.

Heraldo contou detalhes de como vai ficar a nova entrada da Câmara

“Estamos fazendo uma reforma geral que nunca foi feita antes e deve passar de seis milhões de reais, mas se você tem o dinheiro para isso… A Câmara vai devolver dinheiro. A Câmara tem dinheiro suficiente. Nós fizemos o pagamento da primeira parcela do 13º salário no meio do ano. No final de outubro, a segunda parcela. Todo dia 20 do mês, sai o pagamento. Nós não ficamos com a nota [de despesas] por mais de cinco dias. Nós não deixamos fornecedores esperando. Todo mundo gosta de vender para a Câmara. Somos um bom cliente. Então também podemos receber o cidadão com mais conforto”, defendeu o presidente.

Além da reestruturação predial, a instituição vai começar 2025 com equipamentos de trabalho novos. Computadores e demais dispositivos eletrônicos foram substituídos.
O plenário terá de volta o painel eletrônico, desativado há anos. “Teremos uma Câmera moderna, que nenhuma outra cidade de Minas Gerais ainda tem”.

Com a reforma o prédio ganha energia sustentável, garantida pela instalação da usina de energia elétrica solar. Com investimento de R$ 248,6 mil, foram instalados 82 módulos fotovoltaicos com potência de 0,550kWp cada, totalizando 45,10kWp. A partir da geração própria de energia, a expectativa é obter uma economia de R$ 120 mil num prazo de um ano e R$ 1,5 milhão no prazo de 25 anos, que é o tempo estimado de validade do sistema de geração de energia elétrica já instalado e em funcionamento.

“É uma reforma que ficará por muitos anos e trará economia ao longo dos anos”, informou Heraldo Noronha.
A inauguração das obras internas está prevista para dezembro deste ano.