Governo Marco Antônio tenta acabar com a greve nas creches com ameaças

“Não houve tentativa de negociação. Eu lamento informar que o que houve foi coação”, denunciou a coordenadora da creche Maria Barbosa

10/07/2024 – Em reunião com os monitores das creches da Associação de Proteção à Infância Nossa Lar, representantes do governo Marco Antônio Lage (PSB) mostraram autoritarismo e ameaça à greve de docentes municipais. O encontro aconteceu na segunda-feira (8), no Ministério Público, quando o procurador jurídico do município, Luiz Edson Bueno Guerra, tentou intimidar os grevistas com ameaças. A coordenadora da instituição, Maria Bonifácia Gonçalves Barbosa, “Margô”, recorreu à Câmara Municipal pediu para usar a tribuna e expôs a ameaça sofrida aos vereadores. Os educadores infantis lotaram o plenário para acompanhar a reunião.

“Não houve tentativa (de negociação]. Eu lamento informar que o que houve foi coação. Foi represália. Inclusive ontem [segunda-feira, 8] no Ministério Público, o que nós ouvimos lá é que se amanhã [terça-feira, 9] não tiver criança dentro da unidade, não tem negociação. Vamos rescindir o contrato, passar as crianças para outro prédio e o pessoal vai ficar cinco anos sem poder participar de nada”.

Funcionárias da creche com faixa durante a sessão de terça-feira na Câmara de Itabira

A fala é do procurador Jurídico municipal, Luiz Edson Guerra, causando revolta entre os funcionários em greve e foi classificada de intransigência.

“Os representantes da Procuradoria Jurídica e da Secretaria de Educação disseram que vieram tentar uma negociação com os senhores. O que foi feito foi uma tentativa de coação, intimidação, ameaças e grosserias”, lamentou a coordenadora.

Para Margô, a declaração autoritária ataca o direito de greve das docentes da educação infantil e revela a falta de respeito do governo com a classe. E se antecipando a uma distorção dos objetivos do movimento deflagrados pelos trabalhadores, a dirigente destacou que não se trata de um movimento eleitoreiro e muito menos tem relação político partidária. As tentativas de negociações, segundo ela, já vêm se arrastando há mais de um ano.

O primeiro ofício pedindo a restauração da colaboração do quadro de funcionários e salários foi enviado à Prefeitura no dia 17 de março de 2023. Na ocasião, a Associação de Proteção à Maternidade e à Infância de Itabira (APMI) e o Conselho Municipal do Bem-Estar do Menor (Combem) também assinaram juntos o documento. Desde então, foram ofícios e reuniões sem nenhum retorno. “Por isso, hoje estamos aqui, para que a nossa voz alcance e busque a dignidade que a gente já se sente perdido”, completou.

Em suas três unidades, a instituição atende 175 crianças de seis meses a quatro anos incompletos, que estão desassistidos com a suspensão das atividades pelos 48 funcionários. Apesar de lamentar o prejuízo às crianças e às mães, as monitoras estão dispostas a continuar com a greve para serem ouvidas.

Com ganho restrito a um salário mínimo, elas reivindicam recomposição salarial, o que chegou a ser considerado pelo Executivo, que voltou atrás antes de fechar o acordo, mantendo como piso o salário mínimo oficial.

Paralelo a participação das grevistas na reunião da Câmara Municipal, a instituição, por meio de sua presidência em atendimento a um do Executivo reuniu com representantes, mas ouviu do governo que não atenderá a reivindicação da classe.