Presidente Weverton Andrade “Vetão”, (segundo à dir.), tenta emplacar “Um novo tempo, uma nova Câmara”, mas esbarra em velhos costumes
Denúncias por gastos excessivos com lanches requintados, viagens para congressos em locais paradisíacos, diárias para viagens improdutivas, investigações por rachadinhas, desvios, gastos exorbitantes com publicidade para se esquivarem de críticas, troca de favores, uso indevido e destruição de bem público, escândalo sexual, cassação e prisões.
Estes são alguns dos registros que marcaram a história da Câmara Municipal de Itabira nos últimos anos, fatos que não são fáceis de apagar ou esquecer, mesmo com a intervenção do Ministério Público Estadual (MPE), que, devido aos atos indecorosos, interveio e propôs cortes de regalias e exigiu maior transparência dos vereadores quanto à aplicação do dinheiro do cidadão itabirano, algo perto de R$ 19 milhões para este ano e previsão de mais de R$ 21 milhões para 2022.
Seguindo a linha cobrada pela Promotoria de Justiça e, ao mesmo tempo, com o desafio de mudar a imagem negativa da Câmara, Weverton Leandro Santos Andrade “Vetão” (PSB) assumiu a casa em janeiro deste ano para o biênio 2021/2022.
Para mostrar que faria diferente, o presidente festejou ao lançar a nova marca, “Um novo tempo, uma nova Câmara”. Contudo, o que fica explícito após estes seis meses é o desfecho de uma cortina de fumaça, provando que nada, ou muito pouco, mudou.
Os exemplos traumáticos foram evidenciados recentemente, após a rejeição de dois projetos delicados, um de interesse do Legislativo, e outro, de interesse da Prefeitura.
O primeiro, propunha emenda à Lei Orgânica para instituir o orçamento impositivo, que determinaria que 1,2% do orçamento do Município fosse reservado às emendas do Legislativo, ou seja, atender reivindicações dos vereadores.
Apenas dois votaram favoráveis à proposta, o autor, Neidson Dias Freitas (MDB), e Sidney Marques Vitalino Guimarães “do Salão” (PTB), mesmo a emenda sendo benéfica para todos os parlamentares, provando, como sempre, forte influência da Prefeitura no Legislativo.
A disputa em favor de interesses mostrou-se mais evidente após a segunda propositura também ser derrubada pela grande maioria, desta vez, de autoria do Governo Municipal, que pedia autorização para empréstimo de R$ 70 milhões junto à Caixa Federal para atender cerca de 1.300 reivindicações da comunidade.
A recusa do projeto, esboçou o início de um racha entre os poderes, quando 10 dos 17 vereadores votaram contra, gerando ataques e defesas no plenário e fora dele, principalmente no terceiro andar da Prefeitura, onde o não ao empréstimo gerou críticas ácidas aos vereadores.
Como se não bastasse, em longa entrevista ao site Defato, o secretário de Governo, Márcio Magno Passos, disparou que o governo Marco Antônio não faz negociatas com vereadores, uma espécie de troca de favores, como antes, por meio de cargos e reivindicações.
O recado não caiu bem e os vereadores rebateram, cobrando esclarecimentos e pedido de retratação, o que não aconteceu.
O vice-prefeito, Marco Antônio Gomes, em entrevista ao mesmo site, disparou ser contra a crise precoce entre Legislativo e Executivo. “Tem que se chegar a um consenso”, disse.
O Folha Popular enviou perguntas ao presidente da Câmara, Weverton Santos, em relação à crise institucional, cobrando qual posicionamento da Mesa Diretora em relação ao iminente racha entre os poderes Legislativo e Executivo; se o governo Marco Antônio fez a retratação pleiteada em relação à entrevista no site Defato e o que dizer em relação à derrubada do orçamento impositivo, no passado, quando oposição, defendido por Weverton Santos e agora, na presidência e na base governista, negligenciado.
Até o fechamento desta edição, ele não havia enviado as respostas.