Delegada disse que a vítima chegou a desmaiar várias vezes durante as agressões
“Trabalhamos com casos de violência doméstica há muitos anos, mas esse caso, de fato, chocou a nossa equipe a ponto de, depois do atendimento à vítima, teve policial que precisou chorar de tão assustador que foi”
30/6/2023
Um crime de tortura, cometido com requintes de crueldade, terminou com a prisão de um homem de 38 anos, em Contagem. O suspeito foi detido pela Polícia Civil em ação deflagrada nessa quinta-feira (29). A vítima, de 24 anos, era companheira do investigado.
De acordo com a titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), delegada Mellina Clemente, a vítima chegou à unidade policial muito debilitada e não conseguia sequer sair do carro. Diante da situação, um assistente social fez o primeiro atendimento na garagem da delegacia.
“A vítima relatou que no dia 17, ela e o companheiro deixaram a filha com os avós e foram a um show de pagode. Quando chegaram em casa, o marido começou a suspeitar de que ela o havia traído. A mulher foi dormir e, quando acordou, o suspeito falou que ia fazer uma brincadeira e amarrou as mãos e os pés da vítima”, detalhou a delegada.
Conforme relato da mulher, o suspeito a teria amarrado na cama, de barriga para baixo, e a agrediu severamente, por horas, para que ela confessasse a suposta traição. “Ela chegou a desmaiar várias vezes durante as agressões, além disso, defecou inúmeras vezes”, contou a delegada, acrescentando que a mulher teria relatado ter sido também submetida a afogamento no chuveiro.
“Quando foi ser ouvida na delegacia, a vítima levou um travesseiro para conseguir sentar e, rapidamente, esse travesseiro ficou encharcado de sangue”, contou Mellina.
Resgate
A vítima foi socorrida pelos sogros, que suspeitaram da ação criminosa quando foram até a residência do casal para deixar a filha deles. Aparentando nervosismo, o suspeito teria impedido a entrada dos pais no imóvel. Inicialmente, os sogros da vítima foram embora, mas ficaram preocupados quando o casal não compareceu a uma festa de família naquele dia.
Segundo Mellina, “os sogros [da vítima] ficaram preocupados, mandando mensagens para saber o porquê de eles não terem chegado à festa. O marido, então, permitiu que ela tivesse acesso ao celular para mandar uma mensagem para acalmar os familiares”. Nesse momento, a vítima aproveitou para pedir ajuda à sogra, de forma velada, dizendo para que ela levasse um pedaço de bolo e que não deixasse de vê-la quando fosse entregar o doce.
A sogra percebeu que havia algo de errado e se dirigiu até a residência do casal. Mesmo insistindo para os pais não entrarem no imóvel, eles conseguiram ir até o quarto da vítima, onde a encontraram em completo estado de debilidade, devido às agressões sofridas. Eles acionaram então a Polícia Militar, momento em que o homem fugiu.
“Trabalhamos com casos de violência doméstica há muitos anos, mas esse caso, de fato, chocou a nossa equipe a ponto de, depois do atendimento à vítima, teve policial que precisou chorar de tão assustador que foi”, destacou Mellina.
O suspeito já tem registro por violência doméstica quando, em 2016, agrediu uma ex-companheira. À época dos fatos, ele chegou a romper o ligamento da mão da vítima. Esse caso também está sob investigação.