Segundo o delegado Marcus Rios, a vítima se via pressionada a se casar e, dias antes da cerimônia, o casal teve um desentendimento – A própria mãe deu voz de prisão à filha
- ENVENENADO E ASFIXIADO
11/02/2025 – A recusa em formalizar o casamento é apontada pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) como motivação para uma mulher, de 22 anos, envenenar e asfixiar o namorado, de 27, provocando sua morte. O crime ocorreu em 28 de dezembro do ano passado, em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).
A suspeita foi presa em flagrante um dia após o crime e indiciada, nesta semana por meio do Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), pelo crime de homicídio duplamente qualificado.
Relacionamento abusivo
A investigação, conduzida pela Delegacia Especializada de Homicídios (DEH) em Ribeirão das Neves, revelou que o casal manteve um relacionamento conturbado por seis anos, e que a mulher exercia forte pressão psicológica sobre a vítima.
No fim do último ano, ela teria então marcado, unilateralmente, a data do casamento em cartório, sem o conhecimento por parte das duas famílias, e realizado todos os arranjos financeiros necessários, como compra das alianças, pagamento de taxas cartoriais e roupas.
Segundo o delegado Marcus Rios, responsável pelo inquérito policial, a vítima se via pressionada a se casar e, dias antes da cerimônia, o casal teve um desentendimento. “Em 18 de dezembro, data marcada para a cerimônia, a vítima não compareceu e, neste mesmo dia, conforme apuramos, a suspeita já teria iniciado os planos para assassiná-lo.
Veneno
Ainda de acordo com o delegado, cinco dias depois, a mulher buscou informações sobre a compra de chumbinho, veneno utilizado contra ratos, com um homem com quem mantinha um caso extraconjugal, o qual foi ouvido no inquérito como testemunha.
Em 27 de dezembro, último dia em que foi vista com vida pela família, a vítima e a suspeita estiveram juntas na casa dos parentes do namorado. Depois disso, os dois seguiram para a residência dela.
“A investigada misturou veneno em uma pizza e ofereceu ao namorado. Como o efeito da substância demorou a se manifestar, ela recorreu à asfixia para matá-lo. Depois, enrolou o corpo com fita adesiva, um cobertor e uma lona, escondendo-o nos fundos de um barracão em construção no mesmo terreno da família dela”, detalhou Rios.
No dia seguinte, a mulher seguiu sua rotina, usando o carro da vítima e indo a um shopping com a prima, menor de idade, para ir ao cinema. “Nessa ocasião, ela detalhou toda a ação criminosa à prima, conforme descobrimos posteriormente nas investigações”, ressaltou o delegado.
Quando soube que os familiares do namorado a procuravam, a mulher abandonou o veículo em outro bairro e retornou para casa. Durante a madrugada, retirou o corpo do local onde o havia escondido e tentou fazer uma cova. Antes do amanhecer, ateou fogo no carro da vítima e voltou para casa.
Flagrante
Conforme esclareceu o delegado, a própria mãe da investigada desconfiou da versão apresentada pela filha para o sumiço do namorado e, após pressioná-la, conseguiu que ela confessasse o crime. A mulher indicou onde escondeu o corpo, e outros familiares confirmaram a localização antes da chegada da polícia.
“No final das contas, foi a mãe dela quem lhe deu voz de prisão ao descobrir tudo. A investigada queria escapar e se esconder, mas foi impedida por ela até a chegada dos policiais”, destacou Marcus Rios.
Com a conclusão do inquérito, a mulher foi indiciada por homicídio qualificado por motivo fútil e emprego de veneno, ocultação de cadáver, incêndio e fraude processual.
Ela permanece presa à disposição da Justiça.