Dono da fazenda, de 91 anos, só percebeu o crime após não ver resultados das vendas do café
28/10/2023 – A Polícia Civil da Delegacia de Inhapim, cumpriu, nesta sexta-feira (27), mandado de busca e apreensão expedido contra um homem, 30 anos, suspeito de desviar R$ 3 milhões de uma fazenda de cultivo de café, da qual ele era contador, em São Domingos das Dores, na região do Vale do Rio Doce.
A informação dos desvios financeiros foi obtida quando o proprietário da fazenda, de 91 anos, e seus familiares, perceberam que o empreendimento não estava rendendo o esperado, motivo pelo qual passaram a desconfiar do investigado, contratado pela família em 2019.
As supostas subtrações ilícitas foram descobertas após os solicitantes tomarem conhecimento de que o investigado havia efetuado um pagamento via Pix, no valor de R$ 5 mil para uma empresa de material de construção, mas o valor foi debitado na conta da vítima, embora os produtos adquiridos tenham sido entregues na casa do investigado. O suspeito, aproveitando-se dos dados cadastrais da vítima, também abriu diversas contas em bancos digitais.
A partir dessa informação, os solicitantes começaram a realizar levantamentos internos, momento que descobriram um rombo aproximado de R$ 3 milhões. Durante as apurações, foi constatado que o investigado movimentou vultosas quantias nos últimos meses, apesar de receber da vítima o valor mensal de R$ 3 mil.
Após a denúncia, foi instaurado inquérito policial para apurar os fatos com pedido de representação pelo sequestro de bens e valores do investigado e da empresa da qual ele é sócio, assim como pela expedição de mandados de busca e apreensão nos locais de possível armazenamento de provas materiais da infração penal.
O resultado da diligência foi a obtenção do bloqueio de aproximadamente R$ 55 mil reais em contas bancárias, imóveis, cinco veículos, dos quais três foram localizados e apreendidos e, no decorrer das buscas domiciliares, a apreensão de dinheiro, cartão de crédito em nome da vítima, dois cheques emitidos pela vítima, cada um com valor de R$ 39.330, celular, computadores e contratos diversos, todos esses objetos encontrados em poder do suspeito.
A operação foi batizada como ‘Tu Quoque’, expressão que faz referência ao grito de dor e indignidade do imperador Júlio César ao ser apunhalado por seu filho adotivo e indagar: “até você?”. A frase, de origem latina, refere-se à quebra de confiança.
O suspeito é investigado pelos crimes de furto qualificado, abuso de confiança e emprego de fraude, apropriação indébita e falsidade ideológica. As investigações prosseguem em sigilo.