Prints das telas do celular com as negociações em nome da vítima
20/11/2023 – O itabirano técnico em mecânica, Sérgio Silva Ferreira, teve sua conta de Instagram hackeada há mais de 60 dias e o bandido ainda está usando sua página, com seus dados pessoais, para aplicar golpes.
A vítima disse que assim que percebeu que tinham invadido sua rede social denunciou a conta, conforme orientação do aplicativo, e registrou um boletim de ocorrência na Polícia Militar. Entretanto, passados dois meses, a endereço virtual continua sendo usado pelos golpistas para solicitar dinheiro em seu nome.
Sérgio Ferreira conta que nunca teve grande atividade na rede e não entende porque entrou na mira dos golpistas. “Eu não sou de postar muita coisa no Instagram, não imaginei que chamaria atenção desses golpistas”, disse.
Desde que invadiram a sua conta no Instagram, ele disse que tem recebido ligações de amigos contando dos prejuízos sofrido e das tentativas de golpes e de pessoas querendo confirmar a venda de supostos itens que ele mesmo estaria anunciando na rede social. Os criminosos estão se passando por ele e estão postando stories de venda de móveis e eletrodomésticos, como mesa com cadeiras, guarda-roupas, sofá retrátil, aparelho de televisão 55 polegadas, geladeira ultra moderna por valores mínimos e muito vantajosos. A justificativa é de que precisa vender rápido por motivo de mudança.
O golpe começou com a propagação de uma pirâmide financeira que ele ficou sabendo através de uma prima, que se empolgou com a possibilidade de ganhar um dinheiro fácil. O resultado foi um prejuízo de R$ 500. Depois que fez a transferência do valor, o golpista não respondeu mais.
Para tornar a conta confiável, os golpistas estão usando fotos do Sérgio Silva.
“Um colega de trabalho reconheceu a minha foto e quando já tinha até combinado a compra de um dos itens avisou para a mulher que tinha certeza que eu não estava mudando e ligou para minha casa. Ele só não caiu no golpe porque desconfiou com a insistência do golpista para passar o Pix”.
Um detalhe que chama a atenção nesse tipo de golpe, segundo relatam as vítimas, é que geralmente os piratas virtuais são muito solícitos e se oferecem para entregar as supostas mercadorias oferecidas na casa do cliente. Mas antes exigem a transferência do valor combinado.
“Eu mesma, por reconhecer a foto da pessoa do perfil no Instagram, achei seguro depositar o dinheiro antes de receber a mercadoria, mas o meu marido não concordou e avisou por mensagem que estava indo buscar a TV anunciada para venda e pagaria no ato da entrega. Mas o bandido argumentou que não estava em casa e falou que estava fazendo a venda para um amigo e que estava tudo embalado e que mandaria entregar no endereço do comprador. Foi aí que tivemos certeza do golpe”, contou a auxiliar de escritório, Adriana Reis Mendonça.
Em Itabira, a reportagem não conseguiu falar com Polícia Civil, mas devido ao número de ocorrências crescentes desse tipo de golpe pela internet, a Polícia Civil de Minas Gerais publicou em seu site uma cartilha com orientações à população advertindo para os golpes. A principal delas é desconfiar de publicações na internet que ofereçam serviços e bens por um valor abaixo do preço de mercado. A mesma recomendação do Procon.
De acordo com as autoridades, os golpistas têm diversas outras formas de agir. Em outras roupagens, os golpistas anunciam celulares a preços baixos que supostamente foram trazidos por algum parente dos Estados Unidos ou perfis que se passam por estabelecimentos comerciais, enviando mensagens oferecendo vantagens, como sorteios ou promoções.
Os interessados entram em contato por direct (as mensagens privadas da rede social) e perguntam como podem combinar a compra. O criminoso, então, envia uma chave Pix e pede o comprovante. Após o pagamento, o golpista bloqueia a vítima. Se questionado pela possibilidade de retirar o equipamento pessoalmente, não responde.
Bandidos também costumam usar contas roubadas de estabelecimentos comerciais e enviam para clientes solicitando dados para supostas premiações oferecidas pelo estabelecimento ou pedem para entrarem em determinado link para receber o prêmio. Com os dados em mãos, passam a utilizá-lo para clonar o perfil de Whatsapp e demais redes sociais das vítimas. Com isso, acessam amigos e parentes com alguma história para extorquir, pedir que façam transferência de Pix e outras coisas.
O especialista em programação de computação, João Victor de Souza, afirma que é muito fácil fazer essas clonagens e orienta as pessoas a serem mais reservadas com os seus dados e redes sociais. “Jamais compartilhe nenhum link, nenhum código”, aconselhou o programador.
A plataforma do Instagram também faz a mesma recomendação. “Não clique em links desconhecidos, especialmente se não tiverem sido ativamente solicitados por você pelos caminhos oficiais de marcas ou estabelecimentos”, orienta em sua própria página.
Ainda recomenda aos internautas a não compartilhar links ou códigos de acesso recebidos por e-mail, SMS ou WhatsApp. Eles podem ser o código de acesso à sua conta.
A plataforma também disponibiliza a visualização de e-mails enviados oficialmente pelo Instagram no próprio aplicativo, para os usuários saberem que receberam uma mensagem autêntica em seu e-mail cadastrado. Para conferir se o Instagram tentou entrar em contato com você, acesse as configurações, segurança e e-mails do Instagram. Não clique em links de e-mails que afirmam ser do Instagram se não for possível confirmar que a plataforma realmente os enviou por meio desse recurso.
Verifique se seu número de telefone e e-mail estão atualizados no aplicativo.
Jamais informe sua senha a terceiros.