Presidente do SJPMG, Alessandra Mello, diretor Eduardo Motta e presidente da Casa do Jornalista, Kerison Lopes
Representantes do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais (SJPMG) e da Casa do Jornalista se reuniram na tarde de ontem, 14, com o delegado Wagner Salles, chefe do primeiro departamento de Polícia Civil de Belo Horizonte, para pedir a abertura de um inquérito para apurar o autor das pichações pregando a morte de jornalistas. Um tapume do Hospital das Clínicas, na região hospitalar de Belo Horizonte, foi pichado na madrugada com palavras de ódio contra os jornalistas.
“Colabore com a limpeza do Brasil matando um jornalista todo dia”, diz uma das frases escritas ao longo do tapume que cerca uma barraca aonde é feita a triagem de pessoas suspeitas de contaminação pelo Covid-19.
Os pichos não permaneceram visíveis por muito tempo. Eles foram cobertos por cartazes em defesa dos jornalistas pela presidente do SJPMG, Alessandra Mello, pelo presidente da Casa do Jornalista, Kerison Lopes, e pelo diretor Eduardo Motta.
Logo após, eles foram retirados pelo Hospital das Clínicas e os tapumes foram pintados novamente. De acordo com a assessoria do hospital, a chuva do começo da tarde danificou os cartazes e o hospital teve que pintar rapidamente para que os pichos não ficassem visíveis .
O delegado que investiga o caso disse que todos os esforços serão empreendidos para tentar apurar o responsável pelas pichações que, segundo ele, atinge toda uma classe de trabalhadores e “também a democracia”. De acordo com Salles, serão requisitadas imagens das câmeras de segurança da região na tentativa de identificar quem está pregando a violência contra os jornalistas.
Assim que tomou conhecimento das pichações, a presidente do SJPMG esteve no local para registrar as pichações e tentar localizar imagens das câmeras de segurança. Em frente ao local, existem câmeras instaladas em um comércio local. Segundo o gerente, cujo nome vai ser preservado por questões de segurança, as imagens ficam guardadas por dez dias e podem se requisitadas pela Polícia ou pela Justiça. Todas essas informações foram repassadas à Policia Civil.
O sindicato também conversou com o procurador José Antônio Baeta de Melo Cançado, que se colocou à disposição da entidade para acompanhar as apurações sobre mais esse ato de violência com os jornalistas. Cópia das imagens e do Boletim de Ocorrência serão encaminhadas à instituição.
“Não é a primeira vez que pichações ameaçam de morte jornalistas mineiros. Durante a ditadura, a sede do sindicato foi invadida e as paredes pichadas com frases de ódio e incitação de crimes contra jornalistas. Nessa toada, não será a ultima vez que isso acontece e , como sempre, não ficaremos calados e não seremos intimidados. A liberdade de imprensa, o direito à informação são garantias universais e vamos sempre lutar por isso, em defesa da nossa profissão e da democracia”, afirmou a presidenta do sindicato.
Ao longo do dia, os jornalistas receberam manifestações de apoio e solidariedade de diversas entidades, movimentos sociais e organizações não governamentais.
A escalada da violência contra jornalistas tem tomado uma proporção assustadora desde que os governos estaduais e municipais determinaram medidas de confinamento. Desde que foi decretado o confinamento na capital mineira, esse é o quarto caso de tentativa de intimidação do trabalho dos jornalistas. Repórteres de diversos órgãos de comunicação têm sido vítimas de tentativas de intimidação e ameaças durante a cobertura da pandemia. Todos os casos serão levados ao conhecimento das autoridades para que as agressões sejam coibidas.
Basta de violência contra jornalistas.