Pátio do Detran desativado por superlotação vira problema em Ferros

Além de carros, são quase 300 motos esquecidas no pátio

Vizinhos denunciam que local virou criadouro de insetos e esconderijo de marginais

O delegado regional de Polícia Civil de Itabira, Helton Cota, em contato pelo whatsapp, disse ao Folha Popular que irá ajudar o proprietário da área usada em Ferros como pátio para recolhimento de veículos irregulares por autoridades policiais a retirar os veículos de lá. Essa manifestação ocorreu depois da reportagem pedir o posicionamento da Polícia Civil sobre o abandono do pátio na cidade. Ele afirma que a responsabilidade não é da Polícia Civil, mas que tentará encontrar um meio para ajudar Tarcísio da Silveira Caldeira, dono do imóvel.

O pátio está fechado desde 2016, devido ao esgotamento da capacidade. Vizinhos denunciam que o local se transformou num criadouro de insetos e animais peçonhentos como aranhas, cobras e outros. Outra preocupação de todos é com a saúde, considerando a aproximação do período chuvoso, propício à infestação do mosquito Aedes aegypti, causador da dengue. Tarcísio Caldeira disse que antes de fechar o pátio enviou uma carta, datada de 22 de agosto, para o então delegado regional, Paulo Tavares Neto, que acatou a decisão, conforme informou em carta enviada ao proprietário no mês seguinte.

Segundo o delegado, o pátio em Ferros não é credenciado ao Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (Detran/MG) por isso, não tem autonomia para resolver o problema. Na atual condição em que se encontra, a Polícia Civil fica inclusive impedida de fazer o leilão para desocupação do espaço. “Para a realização de um leilão, é necessária a autorização judicial”, afirmou Helton Cota, ao ser informado pela reportagem de que a vizinhança está exigindo a retirada dos veículos e o desentulhamento do local.

Vizinhos denunciam que local virou criadouro de insetos e esconderijo de marginais

Ele orientou o proprietário do imóvel a fazer um levantamento dos veículos que estão apreendidos, com número de ocorrência e processo judicial e apresentar para a Justiça, com o pedido de devolução de posse do próprio imóvel. “De posse dessas informações, será possível solicitar ao poder Judiciário a realização do leilão”, ressaltou o delegado.
Mesmo alegando que a desocupação do terreno não é de responsabilidade da Polícia Civil, um dia depois de ter conversado com a reportagem, Helton Cota ponderou sobre a situação, se dispondo a ajudar o dono do imóvel no que achar possível. “Vou ver se consigo ajudar de alguma maneira”, disse em mensagem enviada por meio de Whatsapp à repórter.

A área, que mede cerca de 900m², está sendo usada pelo Detran desde 2007. Na ocasião, Tarcísio Caldeira disse que foi feito um acordo para funcionamento provisório do espaço. Em 2016, o local teve a capacidade esgotada. Sem espaço para receber novos veículos, precisou fechar as portas. Além dos donos dos carros não comparecerem para retirar seus veículos, a falta de leilão realizado pelo Detran transformou o terreno em um depósito de sucatas.

Motos cobertas por vegetação após cerca de 10 anos no pátio

A maioria dos veículos está no local por determinação judicial. Alguns deles, há quase 10 anos. Os veículos considerados sucatas estão empilhados nas laterais do terreno. Outros estão espalhados pela área. Tarcísio Caldeira disse que já tentou resolver o problema de todas as formas, recorrendo às autoridades apontadas como responsáveis, mas se encontra num verdadeiro “jogo de empurra”. “Eu já fui na Polícia Civil, me disseram que é com o juiz, fui no Fórum, me mandaram para a Polícia Civil. Não sei o que fazer”.

O pátio funciona na mesma área onde Tarcísio Caldeira mantém uma oficina automotiva, negócio responsável pela renda e sustento da família. A superlotação do espaço está inviabilizando o seu trabalho também. “Eu tenho um caminhão de reboque e um outro carro e nem consigo entrar com eles mais na oficina. Se entrou com um, tenho que tirar o outro”, dizendo que restou para ele trabalhar em cerca de 30 metros apenas do terreno de quase mil metros quadrados.

“Eu queria ampliar a oficina, ou vender o terreno ou construir um prédio. Mas não tem como fazer nada. Esses carros aqui são só prejuízos”, reclamou ele, acrescentando que não recebe aluguel do pátio e nenhum outro recurso. “O combinado era eu ficar com os valores que entrassem com a retirada dos veículos, mas como não tem leilão e ninguém busca seus carros, é só prejuízo”.

A vizinhança também reclama que além da proliferação de insetos, o espaço se tornou criadouro de mosquito Aedes aegypti e esconderijo para marginais. São cerca de 30 carros no depósito, muitos já em situação de sucata. Motos são em média 280.

Matéria publicada na edição 741 do Folha Popular