Número de sepultamentos não sofreu variações significativas, mas os velórios restritos reduziram custo para as famílias
Diferentemente do ocorrido em outras partes do Brasil e do mundo, as empresas funerárias não tiveram aumento de demanda durante a pandemia do novo coronavírus em Itabira. Pelo contrário, a procura diminuiu.
Segundo empresários do ramo ouvidos pelo Folha Popular, nos primeiros dias de isolamento social, com o fechamento total do comércio não essencial e as pessoas recolhidas em casa, a procura por serviços fúnebres caiu bruscamente.
“Não tivemos tiroteios, mortes em botecos e em hospitais. Ficou tudo parado”, explicou Mauro Moreno, proprietário da Funerária Cristu Pax. À medida que o movimento nas ruas voltou ao normal, a demanda nas funerárias também retornou aos patamares anteriores.
Queda de 10% a 20%
Mauro Moreno, da Cristu Pax, afirmou que sua empresa promove uma média de 40 a 45 funerais por mês. Além dos serviços funerários, sua empresa oferece também planos de assistência familiar.
Considerando apenas o faturamento do setor funerário, houve uma queda de faturamento entre 10% e 20%, conforme o empresário. A justificativa, segundo Mauro, é a restrição dos velórios, por força de decreto municipal, para evitar aglomerações.
Sem o ritual típico, a família não precisa pagar taxa de velório e tem menos gastos com a preparação do corpo, enfeites de flores, etc. Para sepultamentos particulares, a redução de custos tem sido de aproximadamente 30%, segundo Mauro.
“Como a nossa empresa tem serviços funerários e também o plano de assistência familiar, não houve um impacto significativo sobre o faturamento geral. Mas em relação à funerária, sim, houve uma redução entre 10% e 20% nesses últimos meses”, afirmou.
Tudo certo no cemitério
Coveiros e funcionários do Cemitério da Paz ouvidos pela reportagem informaram que não foi registrado nenhum movimento atípico na demanda por sepultamentos em Itabira durante a pandemia. Os números se mantiveram.
Sobre uma média diária, o pessoal da administração do cemitério informou que os dados estatísticos exatos estão em poder da Secretaria de Desenvolvimento Urbano. Disse apenas que a quantidade de sepultamentos varia bastante: há dia que são quatro ou mais e há dias sem nenhum.
Situação sob controle
Os coveiros ouvidos pelo Folha Popular informaram que mantêm abertas diariamente de três a quatro covas, como de costume. Como não foi observado aumento significativo de sepultamentos, o trabalho segue a rotina de normalidade.
Nesse aspecto, Itabira segue, portanto, com a situação controlada em relação à pandemia do novo coronavírus. Em outras cidades brasileiras, como Manaus (AM), o sistema funerário entrou em colapso e chegou a faltar caixões para tantos sepultamentos.
Devido à grande quantidade de óbitos causados pela Covid-19, muitas vítimas foram sepultadas em valas comuns e com caixões empilhados – o que causou revolta de familiares. A capital do Amazonas recebeu diversos carregamentos extras de caixões para atender à demanda, que chegou a superar 150 enterros por dia.
Outros países também viveram situações complicadas em relação ao sistema funerário, como o Equador, em que corpos ficaram dias dentro de casa ou abandonados nas calçadas. Na Itália, no início da pandemia, os jornais mostraram cenas impressionantes de filas em cemitérios.
A notícia de que em Itabira as funerárias estão tendo queda de receita não deixa de ser curiosa e, ao mesmo tempo, acalentadora. Segundo dados divulgados diariamente pela Prefeitura, o município tem atualmente pouco mais de 1.260 casos de Covid-19 e apenas cinco óbitos confirmados. É um sinal de que a cidade está conseguindo passar por esse período complicado com a situação razoavelmente sob controle.
MATÉRIA PUBLICADA NA EDIÇÃO 714 DO FOLHA POPULAR