Por Sérgio Hermílio Santiago
Investir para o longo prazo deveria ser uma meta de todos os brasileiros. Afinal, ninguém deveria confiar sua renda futura apenas na Previdência do INSS e nas decisões do governo.
Mas de forma geral, não somos muito de pensar 20, 30 anos à frente. Certa vez, li uma frase em algum lugar mais ou menos assim: “Superestimamos demais um ano e subestimamos uma década”.
Um pensamento que se aplica bem às decisões de investimento. “Ah, 20 anos? Está muito longe”, alguns podem dizer.
A boa notícia é que esse cenário está mudando. Com muita informação sobre educação financeira disponível na internet e nos meios de comunicação, cada vez mais as pessoas estão preocupadas em planejar seu próprio futuro.
Carteira previdenciária: o que é
Carteira previdenciária é aquela “massa crítica” de dinheiro que devemos acumular ao longo da vida para gerar renda na aposentadoria.
São ativos que, lá na frente, vão garantir rendimentos suficientes para pagar as contas do mês. Quando isso ocorrer, você conquistou a independência financeira. Não precisa mais trabalhar para manter o padrão de vida, só se quiser.
A escolha dos ativos para a carteira previdenciária dependerá do perfil de cada investidor e da idade. Geralmente, quanto mais renda variável e mais tempo, melhores serão os resultados.
Luiz Barsi, o maior investidor pessoa física do Brasil, começou a formar sua carteira previdenciária ainda jovem comprando ações de boas empresas pagadoras de dividendos.
Hoje, com mais de 80 anos, tem alguns bilhões de reais investidos e continua fazendo a mesma coisa: comprando ações de boas empresas que pagam lucros a seus acionistas. O segredo é paciência e persistência.
Bola de neve a seu favor
À primeira vista pode parecer um sonho difícil de se alcançar. Afinal, será preciso uma quantia considerável de dinheiro para gerar renda que pague as despesas do mês. Mas à medida que a bola de neve começa a crescer a seu favor, a coisa fica interessante.
Ações boas pagadoras de dividendos
Investir em ações que pagam bons dividendos é um caminho interessante para a independência financeira. Mas vai exigir do investidor conhecimento para escolher bem as empresas. Afinal, nem todas as empresas listadas na Bolsa geram lucros constantes.
Depois de fazer as escolhas, invista sempre pensando no longo prazo. O mercado de ações é de risco, mas ao longo do tempo as oscilações do dia a dia fazem pouca diferença no portfólio se o foco são os dividendos.
Além das ações boas pagadoras de dividendos, como no exemplo de Luiz Barsi, tem outros ativos que se ajustam bem a uma carteira previdenciária.
Fundo Imobiliário
Um exemplo são os Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs). Através de cotas desses fundos, você compra “pedaços” de imóveis de qualidade em todo o Brasil e recebe aluguel todo mês.
FII também é renda variável, logo a renda varia. Então diversifique. Compre fundos grandes, com vários ativos e vários inquilinos e de setores diferentes.
Em relação aos imóveis físicos, investir em Fundo Imobiliário é muito mais vantajoso, seguro e prático. A bola de neve começa a ganhar peso quanto o dinheiro que você recebe de rendimentos já dá para comprar uma nova cota.
Assim, no próximo mês você tem mais cotas, que rendem mais dinheiro, com o qual você compra mais cotas e assim sucessivamente.
Previdência privada
Aqui vale um aviso. Tem muitos planos de previdência privada ruins no mercado, principalmente de bancos grandes. Costumam cobrar altas taxas de administração e entregam resultados ruins.
Os gerentes normalmente vendem previdência como se fosse um investimento fácil de compreender, mas não é. Nem sempre o cliente compra algo condizente com seu perfil.
Entretanto, se você fizer uma boa escolha poderá encontrar um plano previdenciário rentável e de baixo custo. É preciso comparar a pesquisar.
Em relação a outros investimentos do mercado financeiro, os planos de previdência têm vantagens tributárias exclusivas e você, ao encerrar sua carreira, pode optar por diferentes tipos de renda: vitalícia ou não.
Títulos do Tesouro
Outro ativo bastante indicado para a aposentadoria são os títulos do Tesouro Direto atrelados à inflação, os IPCA+. Tem os que pagam juros semestrais e os que pagam apenas no vencimento.
São considerados os investimentos mais seguros do mercado, com garantia do próprio Tesouro Nacional, mas que devem ser carregados até o vencimento para não correr o risco de ter prejuízos com a chamada marcação a mercado.
Seja quais forem as escolhas, a dica é estudar e fazer ajustes na carteira sempre que achar necessário. E não esqueça de, antes, fazer a reserva de emergência.
Lembre-se também de diversificar a carteira e investir para o longo prazo. Assim, o vai e vem dos ativos no curto prazo não fará muita diferença.
Sérgio Santiago: Relações públicas, ex-repórter do Folha Popular e ex-editor
no grupo de Fato. Acredita que a educação financeira tem o
poder de mudar para melhor o futuro das pessoas