Número de cães pelas ruas tende a cair vertiginosamente com programa de castração

Após a primeira fase do programa de esterilização de animais domésticos, onde 50 cães de rua foram operados, no mês de maio – de 7 a 31 – a Prefeitura esterilizou mais 147. Com isso, 1.007 animais que possivelmente viveriam em situação de rua, foram impedidos de nascer.

A estimativa é do Controle de Zoonoses da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), que calculou uma média de cinco filhotes caninos e três felinos por ciclo estral (reprodutivo), em um período de seis meses para cães e um ano para gatos. “O cálculo é uma estimativa muito importante para o controle populacional. De acordo com o último censo, realizado em 2017, foram registrados, em Itabira, mais de 20 mil animais em situação de rua, semidomiciliados e domiciliados, mas é um número flutuante que pode ter mudado para mais ou para menos”, explicou Robson Costa de Souza, secretário municipal de Desenvolvimento Urbano.

Os procedimentos cirúrgicos aconteceram no castramóvel do Consórcio Intermunicipal Multissetorial do Médio Piracicaba (Consmepi), contratado pela Prefeitura, no Parque de Exposições Prefeito Virgílio José Gazire, onde os animais permanecem abrigados para adoção até esta sexta-feira (7/6), quando retornarão aos pontos de origem. “É importante ressaltar que os cães e gatos não adotados são devolvidos aos locais que estavam, conforme entendimento do Ministério Público”, declarou o secretário.

Além da castração, é implantado um microchip de identificação no dorso de todos os animais. Com esta tecnologia, é possível registrar o histórico de vacinas, remédios, castração e tratamentos, bem como identificar o responsável pelo bicho. “Os animais que são tutelados, ou seja, semidomiciliados, saem com cadastro atrelado e se tiverem alguma intercorrência, sendo novamente capturado, saberemos quem é o responsável. Já os (animais) disponíveis para adoção também são microchipados, mas atrelados ao Município por serem animais de rua”, esclareceu Robson Souza.

Programação

A Prefeitura destinou R$ 300 mil para o programa e 1.250 animais serão castrados em um ano. “Parte do recurso é destinado para a esterilização e outra para a manutenção dos animais no pós-operatório, que demandam medicamentos e ração”, informou o secretário de Desenvolvimento Urbano.

Neste mês, devido a campanha de vacinação antirrábica para cães e gatos e também a agenda comprometida do parque de exposições, a Prefeitura não realizará o programa de castração. No entanto, segundo Robson Souza, a programação retornará em julho. “Faremos quatro eventos nos distritos de Ipoema e Senhora do Carmo e, em seguida, retornaremos com as castrações nos bairros de Itabira. Vamos, inclusive, aproveitar esse mês para levantar locais que ofereçam estrutura mínima, com água e energia, para as operações”.

Benefícios

Segundo Kelley de Pinto Generoso, diretora de Zoonoses, a castração de animais domésticos previne doenças e traz benefícios ao longo do tempo. Na fêmea, é feito uma histerectomia, que consiste na retirada do útero e do ovário. Já no macho, o procedimento é similar a uma vasectomia. “Os machos ficam mais tranquilos, brigam menos nas colônias e na presença de cadela no cio, não haverá grande concentração de animais em volta dela. Quanto à saúde, evita câncer de mama, próstata e útero, aumentando a expectativa de vida deles, em média três anos”, explicou.

Ainda de acordo com a diretora, a esterilização reduz também o Tumor Venéreo Transmissível (TVT), normalmente repassado durante o cruzamento dos animais. “Tem cura, mas antes de detectado a transmissão é indiscriminada. O sangue começa a pingar e essa secreção em contato com mucosa, quando o cachorro lambe, cheira ou senta, transmite a doença. O TVT também pode contaminar o ser humano, caso tenha contato com essa secreção”.

Durante o último mês, no entanto, a equipe de Zoonoses enfrentou resistência para castrar os animais tutelados. “Alguns donos acham que é maldade, que o cachorro deixará de ser macho ou que vai esfriar e não conseguirá mais vigiar a casa, por exemplo. Tem os que acham que a fêmea precisa parir porque é natural e ainda, as pessoas que criam para vender”. Por isso, segundo Kelley Generoso, também é necessário fazer um trabalho de conscientização, “porque a população que mais precisa é a que menos quer castrar e é a que mais procria”, concluiu.

A seleção para o procedimento cirúrgico é feita pelos técnicos do departamento Controle de Zoonoses da Prefeitura, que realizam entrevistas com os cuidadores e protetores de animais abandonados interessados no programa. Outro caminho utilizado pela equipe, é o censo de 2017, que indica a localização de animais em situação de rua ou tutelados.