Dados apontam que o impacto econômico da comunidade universitária em Itabira saltaria de R$ 52 milhões para R$ 260 milhões anuais até 2028. Recursos gerados pela mineração estão na ordem de R$ 120 milhões por ano
Em resposta a solicitação do Folha Popular, a diretoria do Campus Unifei/Itabira ratificou os dados que apontam um volume financeiro de R$ 260 milhões/ano em Itabira até 2028. “Esses números são estimativas baseadas nos gastos médios de servidores e alunos”, respondeu a diretoria
Itabira, cidade operária de décadas, está prestes a sofrer reviravolta com anúncio áspero de que as reservas de minério de 1942, chegam ao fim depois de 86 anos, ou 2028, conforme a Vale informou a mercados internacionais. O comunicado, feito em 2018, provocou assombro.
Como se não bastasse, chegou em meio a confisco tributário promovido pelo Governo de Minas, queda de investimentos e desemprego.
Contudo, nos últimos meses, a cidade começou a colher boas notícias, como as conquistas do Hospital Nossa Senhora das Dores (HNSD), com serviços de oncologia e ampliações, investimentos em obras públicas, exemplo a extensão da Machado de Assis e ações privadas, com destaque ao mercado de alimentação e serviços e conseguinte, a melhora na geração de empregos, conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
Mas o fator destaque que está empurrando a cidade para uma nova cultura, tem foco no ensino superior, fato evidenciado durante a reunião itinerante da Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais e do Brasil (Amig), realizada em Itabira no 27 de junho, com participação de lideranças políticas regionais e representantes de entidades de classe.
O anfitrião foi o vice-presidente da entidade e prefeito de Itabira, Ronaldo Magalhães (PTB). O encontro discutiu as perspectivas do setor minerário no estado e as alternativas com a exaustão mineral, principalmente em Itabira.
O ciclo de atividades ocorreu ao longo de todo o dia, incluindo painéis, palestras e a assinatura de uma carta propondo um pacto na chamada tripla hélice da inovação, em que universidade, indústria e poder público interagem para promover o desenvolvimento.
Vitor Penido de Barros, presidente da Amig e prefeito de Nova Lima, discursou na abertura do evento sobre os esforços do grupo para que as tragédias de Mariana e Brumadinho não se repitam. Entre eles está a cobrança para que a mineradora mantenha e cumpra seus compromissos ambientais e execute uma política de redução de danos.
Ronaldo Magalhães falou ao público em seguida. Ele vem cumprindo uma agenda para que saiam do papel os projetos para a diversificação econômica da cidade. Exemplo disso está nas obras de ampliação do campus da Universidade Federal de Itajubá (Unifei) e a busca por parceiros potenciais, como os executivos chineses, que já acenaram à possibilidade de investimentos em Itabira. “Temos projetos interessantes, projetos em tecnologia e mantemos o diálogo com parceiros para que tenhamos em breve mais alternativas e oportunidades”, disse.
O prefeito, contudo, adotou a cautela ao deixar de lado estudos de que a Vale passará a trazer minério de ferro de minas de Morro do Pilar e Conceição do Mato Dentro por linha férrea para ser beneficiado nas usinas da Itabira e escoado para Espírito Santo, o que, de fato, não representa exponencial elevação de receita da Prefeitura devido à compensação financeira pela exploração de recursos minerais (Cfem) pertencer à cidade minerada. Outra questão não abordada, por ser ainda embrionária, trata-se do parque científico e tecnológico, que poderá atrair empresas de alta tecnologia para a cidade.
A tônica do evento foi reforçada na apresentação de Ronaldo Lott, secretário municipal de Obras, com estudo das aptidões da cidade a longo prazo. A educação é uma das principais vertentes. A Unifei tem hoje cerca de 2.500 pessoas [1.963 alunos]; com a expansão do campus estima-se que em 2028 a instituição receba 9.660 alunos.
A economia gerada pela expansão também é significativa: o impacto econômico da comunidade universitária saltaria de R$ 52 milhões para R$ 260 milhões anuais no mesmo período, ultrapassando, assim, uma das maiores fontes de receita do Município, a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (Cfem), que hoje arrecada aproximadamente R$ 120 milhões por ano.