Nota fake: os cuidados para não cair do golpe do dinheiro que parece real, mas não é

Quem trabalha no comércio há algum tempo, provavelmente, já se deparou com a situação embaraçosa de receber dinheiro falso. Pode ser de um cliente inocente ou de alguém com a intenção de passar adiante nota falsa e levar “vantagem”. O noticiário rotineiramente exibe prisão/apreensão de suspeitos com maços de dinheiro sem procedência, principalmente em época de festas, quando há muita movimentação de pessoas e de dinheiro em espécie – o Carnaval vem aí.

Em Itabira e região, comerciantes ouvidos pelo Folha Popular/ofolhanews dizem que notas falsas parecem surgir em ciclos. Em determinados momentos há uma incidência maior, depois dá uma esfriada, até que voltam a aparecer grandes quantidades novamente. A reportagem tentou buscar dados estatísticos na Polícia Militar sobre as apreensões mais relevantes, contudo a resposta não chegaria a tempo do fechamento da matéria. Na Polícia Civil, o delegado regional disse que preferia não se pronunciar sobre o assunto por se tratar de um crime federal, logo, de incumbência da Polícia Federal.

Em vários casos registrados pelas autoridades na região, como Itabira, Nova Era, Ipatinga, Santa Bárbara, Barão de Cocais, João Monlevade, os suspeitos relatam à polícia que adquirem o “dinheiro” pela internet e recebem as encomendas pelos Correios.


Numa rápida pesquisa no Google, é possível identificar sites, inclusive com anúncios patrocinados, vendendo dinheiro falso. Impressiona a linguagem persuasiva usada para atrair “compradores”. Em alguns destes sites, as “fábricas” de dinheiro garantem a qualidade do produto e postam mensagens de “clientes” satisfeitos com as aquisições. Há anúncios também de venda de dinheiro falsificado nas redes sociais, como se fosse uma mercadoria normal.

Ranking
O Banco Central do Brasil divulga periodicamente um ranking dos estados com maior incidência de dinheiro falso em circulação. Em 2019, São Paulo apareceu em primeiro lugar no Brasil, com 150 mil notas apreendidas, seguido de Minas Gerais (56 mil) e Rio de Janeiro (39 mil).
Não é possível, com base apenas nos números, chegar a alguma conclusão se as operações de combate têm sido eficientes ou não. É perceptível que, por diversas razões, muitas vítimas preferem ficar no prejuízo a acionar as autoridades – a coisa certa a fazer. Os números oficiais, diante disso, podem representar apenas a “ponta do iceberg”.

Crime federal
Falsificar, fabricar ou alterar moeda metálica ou papel moeda é crime previsto no artigo 289 do Código Penal. A pena varia de três a 12 anos de prisão e multa. Estará sujeito à mesma pena quem importar ou exportar, adquirir, vender, trocar, ceder, emprestar, guardar ou introduzir na circulação moeda falsa. Mesmo tendo recebido de boa-fé, comete crime, com pena prevista de seis meses a dois anos e multa, quem a recebe e a mantém em circulação, repassando a outros.

Até moedas

Muitas pessoas focam a atenção em notas de maior valor, como as de R$ 50 e R$ 100, mas poucos observam que há também muitas moedas falsas em circulação no mercado. Afinal, quem vai conferir os detalhes de uma moeda de 50 centavos?

Em São Paulo, segundo reportagem do portal de notícias da Globo, a Polícia Militar estourou uma fábrica de moedas que funcionava como uma linha de produção em larga escala. A “indústria” era dotada de equipamentos modernos e tinha capacidade para produzir 10 mil moedas por dia. Em outra operação, também em São Paulo, as autoridades fecharam uma outra fábrica de dinheiro falsificado e apreenderam cerca de R$ 3,6 milhões, entre reais, dólares e euro.

Como identificar se o dinheiro é falso?

Há quase uma dezena de itens de verificação para saber se o dinheiro é real ou não. Tem as marcas d’água, o fio de segurança, alto-relevo, quebra-cabeça, o número escondido, os elementos fluorescentes e a faixa holográfica. É preciso muita atenção aos detalhes, porque os falsificadores estão sempre aprimorando suas técnicas com o objetivo de enganar até o mais experiente caixa de banco.

Quem está acostumado a lidar todo dia com dinheiro em espécie descobre mais facilmente se está ou não diante de uma fraude. As pessoas que não trabalham com dinheiro não têm a mesma facilidade. De qualquer forma, é bom ficar atento e dedicar tempo em estudar alguns itens de verificação (um infográfico produzido pelo Banco Central explica em detalhes todos os elementos a serem observados) para não ser enganado e ficar no prejuízo. Mais informações: “ofolhanews.com.br”

Felipe Augusto de Souza Magalhães – empresário em Barão de Cocais

“A maior parte das notas falsas que aparecem no mercado é de R$ 100. Aqui em Barão de Cocais, temos alguns amigos que receberam estas notas, mas só acabaram percebendo após levarem ao banco, que ainda assim fizeram as devidas compensações e só depois, informaram que tais cédulas eram falsas. Essas notas passam devido à correria do comércio, mas existem meios simples para fazer a análise, principalmente em relação ao número de série em uma única nota, onde o de baixo não bate com o de cima. No mais é usar caneta, leitores e abusar dos sentidos, como o tato e visual”, aconselha Felipe.

Ronaldo Lelis Dias – empresário em São Gonçalo do Rio Abaixo

“Sim, já recebi notas falsas. A saída é testar com a caneta e ficar atento aos detalhes das cédulas, principalmente as novas notas de R$ 50 e R$ 100. Em relação aos colegas comerciantes, sempre quando aparecem notas falsas comunicamos um ao outro para evitar um derrame na cidade. Todo cuidado é pouco”, diz Ronaldo, passando caneta especial em uma cédula.

Geraldo Magela – feirante em Itabira

“Há 15 anos trabalho como feirante e já fui vítima de notas falsas. Atualmente, elas andam sumidas, pelo menos aqui, em nossa barraca, que continue assim. Na dúvida, uso a caneta e o olho clínico, mas sabemos que a cada dia estas notas falsas ficam mais próximas das originais. Tem que ter cuidado”, conta Geraldo.

MATÉRIA PUBLICADA NA EDIÇÃO 703 DO FOLHA POPULAR