Linha férrea poderá mudar cenário socioeconômico de Santa Maria

Projeto seria apresentado no dia 15 deste mês pela empresa Petrocity,
mas foi adiado por questões estratégicas

Além da ferrovia, empreendimento terá porto e unidades de
transbordo de cargas, uma em Santa Maria de Itabira

Santa Maria de Itabira está prestes a entrar no mapa das cidades atendidas por linha férrea.


Conforme o projeto, que seria apresentado na terça-feira (15), no Espírito Santo, serão construídos 560 quilômetros de linha férrea, saindo de Sete Lagoas, passando pelo Aeroporto Internacional de Confins (Grande BH) e cidades de Santa Maria de Itabira, Governador Valadares e Barra de São Francisco, no ES, até o complexo portuário de Urussuquara, em São Mateus, litoral capixaba. O projeto aponta ainda a construção de mega porto no ES e unidades de transbordo e armazenamento de cargas (Utacs), nas cidades entre Sete Lagoas e Barra de São Francisco.


O empreendimento é da Petrocity, do empresário José Roberto Barbosa da Silva, que desde o ano passado está visitando lideranças políticas para dar a notícia e iniciar acordos.


Pelas informações, o adiamento da apresentação do projeto se deve a questões estratégicas, principalmente após o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), anunciar, durante a posse no dia 1º, apoio ao empreendimento, inclusive, de estadualizar ou municipalizar portos que hoje têm instâncias decisórias na esfera federal. O governador também vai trabalhar para flexibilizar licenças ambientais por meio do Instituto Estadual de Meio-Ambiente (Iema) do Espírito Santo.


Apesar de adiar a apresentação do projeto da linha férrea, a promessa do governador animou os empreendedores, que se encontram no dia 17, em Vitória, para assinar os contratos com os parceiros da Petrocity para a construção do complexo portuário em São Mateus. A parte principal ficará com a Odebrecht, que terá R$ 2,1 bilhões para a construção do porto, cujo custo final está estimado em R$ 3,2 bilhões.


O empresário José Roberto relatou que o projeto vai integrar modais rodoviário, ferroviário e portuário, visando efetivamente acabar com a demanda reprimida de carga e interiorizar a economia. Isso significa que além da linha férrea, unidades de transbordo e porto, ao longo da ferrovia, poderá ser construída uma rodovia.


Para o prefeito de Santa Maria de Itabira, Reinaldo das Dores Santos (Pros), município da microrregião que contará com a linha férrea e uma unidade de transbordo de cargas, a notícia é muito bem-vinda e cria novas perspectivas de futuro.


“O diretor da Petrocity, José Roberto, nós procurou em outubro do ano passado e contou sobre o projeto da linha férrea, que passará por Santa Maria. Foi informado também sobre a instalação de uma unidade de transbordo de carga em nosso município. A notícia, em princípio, era sobre estudos, mas agora está se tornando realidade, fato que abre novas perspectivas de futuro, com a geração de oportunidades de negócios, emprego e renda”, diz Reinaldo Santos, que vai para o Espírito Santo no dia 17 deste mês acompanhar a assinatura que autoriza o início das obras no megaporto em São Mateus, que custará R$ 3,2 bilhões.


Para o secretário de Desenvolvimento Econômico de Santa Maria de Itabira, Diogo Oliveira, a unidade de transbordo e armazenamento de cargas e a linha férrea farão com que outros investimentos de grande porte cheguem ao município. “Essa unidade de transbordo e linha férrea representam muito economicamente para nossa cidade e é muito importante nos prepararmos para recebê-las. Qual empresa não quer estar próxima a um local onde possa escoar de maneira mais rápida e econômica seus produtos? A ideia é preparar nossa cidade para que outras empresas possam se instalar aqui. Para isso, precisaremos investir em segurança, moradia, em saneamento e buscar junto ao Governo do Estado e o Governo Federal recursos para isso. Outra medida importante que devemos estar trabalhando nos próximos meses é um local para abrir um parque industrial para que possamos receber essas empresas com o propósito de geração de emprego, renda e qualidade de vida aos moradores”, diz Diogo Oliveira.


A nova data de apresentação do empreendimento da linha férrea não foi divulgada. A garantia é de que o empreendimento vai mudar a geografia logística do Sudeste com a linha férrea e o primeiro porto da região dentro da área da Sudene.

FERROVIA
O empresariado do setor de mineração, neste momento, é o mais entusiasmado com o novo corredor logístico projetado pela Petrocity.
Maurício Toledo, da Mineração Toledo, que é um dos dez maiores exportadores de rochas ornamentais do país, quer aproveitar a ferrovia e o porto também para incrementar as exportações de minério de ferro da região de Guanhães.