Medidas adotadas buscam mobilizar recursos de forma mais ágil para enfrentamento da doença
Com o objetivo de conter o avanço dos casos de dengue em Minas Gerais, o governador Romeu Zema decretou, nesta terça-feira (23/4), Situação de Emergência em Saúde Pública nos municípios de abrangência das Macrorregiões de Saúde Centro, Noroeste, Norte, Oeste, Triângulo do Norte e Triângulo do Sul do estado.
A partir desta ação, publicada no Diário Oficial Minas Gerais, será possível mobilizar recursos de forma mais ágil para enfrentamento do Aedes aegypti e estruturação de serviços de atendimento às pessoas infectadas pelo vírus causador da doença.
No conjunto de medidas, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) também destinou R$ 4,18 milhões, após aprovação da Resolução SES/MG Nº 6.697, de 2 de Abril de 2019, na Comissão Intergestores Bipartite (CIB).
Neste primeiro momento, 93 prefeituras receberão recursos para reforço de despesas com pessoal – como contratação de agentes de controle de endemias e capacitações para profissionais na assistência hospitalar – e custeio e manutenção de atividades, como confecção e reprodução de material gráfico informativo, aquisição de material de apoio para ações de mobilização e mutirões de limpeza de áreas prioritárias.
Tendo em vista a escassez financeira para destinar verbas a todas as prefeituras, a SES adotou como estratégia a destinação de recursos para os municípios com alta incidência de dengue.
Assim, a cada 15 dias, até o dia 30 de junho deste ano, os municípios com alta incidência irão contar com incentivo financeiro complementar, por meio de resolução específica. O parâmetro para definição dos municípios será a divulgação do Boletim Epidemiológico de Monitoramento dos casos de Dengue, Chikungunya e Zika Vírus.
A próxima resolução prevista deverá contemplar 46 municípios, no montante de R$ 1,88 milhão.
Ação permanente
Além dessas medidas emergenciais para conter o avanço da doença, desde janeiro, o Governo do Estado mobiliza uma força-tarefa, composta por agentes da Saúde estadual e da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), em dez municípios com alta incidência de pessoas com dengue e alta infestação pelo mosquito.
A ação envolve diferentes áreas da SES, como Assistência, Vigilância Epidemiológica, Controle Vetorial, e conta com reforço dos agentes de controle de endemias municipais. Minas Gerais registrou, até o momento, 140.754 casos prováveis de dengue. Em 2019, até o momento, foram confirmadas 14 mortes por dengue nos municípios de Arcos (1), Betim (6), Frutal (1), Ibirité (1) Paracatu (1), Uberlândia (2) e Unaí (2). Atualmente, há 57 óbitos em investigação.
A diretora de Vigilância Epidemiológica da SES, Janaina Fonseca Almeida destaca que a participação da sociedade é essencial para controle da doença, sobretudo quando se leva em conta o fato de as residências concentrarem 80% dos focos do mosquito transmissor.
“Fazer o dever de casa é fundamental para que não venhamos a vivenciar epidemias e para que vidas sejam preservadas. A inspeção na residência, com a remoção de focos de água parada, é algo que não toma muito tempo e deve ser feita rotineiramente. Sempre damos os exemplos de vasos de plantas e pneus usados como possíveis criadouros do Aedes, mas devemos estar atentos a objetos e recipientes em geral que possam acumular água”, explicou.
De acordo com Janaina, em 2019, o número de casos mais do que quadruplicou em relação a todo o ano de 2018, quando houve 29.369 registros. “Ainda não estamos em um patamar similar ao ano de 2016, mas há similaridade com o ano de 2010, quando também houve epidemia no estado”, comenta. A Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), o Triângulo, o Norte e o Noroeste são as regiões mineiras que concentram o maior número de casos.
“Por isso articulamos várias frentes, como o envio de equipes da força-tarefa estadual, formadas por até 40 agentes, para as localidades com maior incidência da doença, além da disponibilização de veículos para aplicação de inseticidas a Ultra Baixo Volume (UBV) e mobiliário para montagem dos postos de hidratação, poltronas para hidratação, longarina (cadeiras para espera) e cadeiras para escritório, para funcionamento durante 24 horas”, destaca a diretora. Os municípios de Unaí, Iguatama e Betim já solicitaram itens para montar unidades de hidratação.
Preocupação
Uma das situações que justificam o Estado de Emergência é a vulnerabilidade de faixas da população que não estão imunes ao vírus tipo 02 da dengue. “Esse sorotipo é mais agressivo, passível de quadros com mais complicações e óbitos”, observa a diretora Janaina Almeida.
Ainda há preocupação com a situação de crianças e adolescentes menores de 15 anos, pois estudos demonstram que a ação da dengue tipo 02 é mais danosa neste grupo. “Até o momento, os casos em Minas Gerais estão distribuídos de forma equilibrada nas diversas faixas etárias, mas a literatura científica demonstra que menores de 15 anos são mais suscetíveis e apresentam casos mais graves. Ainda não observamos um quadro específico nas crianças e adolescentes, mas o mero risco faz com que a vigilância seja ainda mais redobrada”.
Monitoramento e demais ações
Por meio da SES, o Governo de MInas possui, ainda, um Plano Estadual de Contingência das doenças transmitidas pelo Aedes. Os indicadores são monitorados desde outubro do ano passado.
A partir dos resultados desses indicadores, as ações são desenvolvidas nos municípios. Também é realizado monitoramento dos indicadores municipais do Programa de Monitoramento das Ações de Vigilância em Saúde do Estado de Minas Gerais (Provams).
O Estado também fornece, de forma complementar, medicamentos para tratamento dos pacientes com dengue em municípios em média, alta e muito alta incidência de dengue. Além disso, envia equipes para realização de intensificação das ações de campo, em conjunto com equipes locais, e disponibiliza inseticidas e equipamentos para aplicação dos mesmos.
Para melhorar a capacidade de atendimento aos pacientes, a SES promove capacitação profissional para o manejo clínico. Foi realizada, no final de março, videoconferência para as 28 Regionais de Saúde, para que os serviços municipais estejam aptos para diagnóstico e tratamento mais rápido.