Usina do Cauê na MG-129, bairro Campestre
PARALISAÇÕES VÃO PROVOCAR FIM DE CONTRATOS COM TERCEIRIZADAS E DEMISSÕES
11/09/2024 – A Mina do Cauê em Itabira, uma das mais antigas em mineração de ferro do país, terá as atividades suspensas no início e fim de de 2025. Apesar de negar o fechamento da unidade, a Vale confirmou a informação, sob a explicação de que a unidade passará por readequação. O Sindicato Metabase está acompanhando as discussões de todo o processo.
No último dia 4, o Metabase reuniu com a direção da mineradora em Itabira para discutir os encaminhamentos e procedimentos que cercam a medida. Estão programadas para o ano que vem pelo menos duas paralisações da mina. A primeira ocorrerá durante os meses de janeiro e fevereiro e está prevista outra, para acontecer de outubro a dezembro.
Por meio de sua Assessoria de Imprensa, a Vale descartou a intenção ou possibilidades de estar antecipando o fechamento da Mina Cauê na cidade. Segundo informou, a suspensão das atividades será necessária para readequação das minas às novas exigências do mercado. A medida faz parte das estratégias da empresa de manter a utilização da mina.
“A Vale continua investindo em alternativas para manter as suas operações competitivas em Itabira, seguras, sustentáveis e alinhadas ao cenário mundial da mineração. A empresa estuda uma otimização da sua produção local, considerando o ramp-up (aumento progressivo da operação) da planta de filtragem de rejeito da cava Cauê”.
Na nota enviada ao Folha Popular, a assessoria explica ainda que “essa otimização será restrita ao período chuvoso de 2025, considerando os meses de janeiro a fevereiro e de outubro a dezembro”.
Durante esse período, a produção de Itabira ficará concentrada nas duas usinas da mina Conceição.
Paralisações devem provar desligamento e demissões nas terceirizadas
O presidente do Sindicato Metabase, André Viana Madeira, disse que o sindicato já foi informado oficialmente da supressão temporária das atividades da Mina Cauê. Ele atribuiu a medida ao cenário internacional de queda de preço de minério. Entretanto, ele se mostrou tranquilo com a medida e com expectativas otimistas para o futuro, inclusive.
André Viana explicou que essa não é a primeira vez que a empresa tem que suspender as atividades da mina. Entre 2008 e 2009, a medida foi adotada e durou um ano. “Em 2008 e 2009, estávamos vivendo uma crise muito grande. Foi feito remanejamentos e depois tudo foi voltando à normalidade”.
Em 2012, a Mina do Cauê passou por nova reformulação, quando precisou se adequar à exploração de minério de baixos teores de ferro.
Desta vez, a mudança pode estar relacionada aos interesses expansionistas da China, principal cliente da mineradora brasileira, na exploração do lítio e cobre e outros fatos envolvendo a produção mineral mundial.
Em acordo com a informação da própria empresa, o sindicalista explicou que durante o período de paralisação das operações, os trabalhos de manutenção da usina de Cauê serão executados, assim como as atividades de treinamento e de capacitação para os empregados durante a eventual parada. Após regularizada a produção, Cauê seguirá operando conforme vida útil da mina, estimada para 2041.
“O nosso compromisso é manter o quadro de empregados atual. Não ter nenhuma demissão anormal, a não ser o turnover normal [rotatividade normal], É o compromisso que o sindicato tem com os trabalhadores, com as categorias e a Vale já firmado em negociação de total estabilidade do quadro da Vale nesses períodos, que é o período que o Cauê passa por dois meses de manutenção e depois compõe de novo a produção”.
Nem mesmo a produção de minério da cidade será afetada, segundo André Viana. As operações serão concentradas nas duas usinas de Conceição.
Os trabalhadores do Cauê, além de serem submetidos a treinamentos, deverão ser relocados ou remanejados, porque serão mantidos nesses períodos locados ou remanejados.
Os terceirizados, entretanto, não deverão ter a mesma sorte com o encerramento do contrato das respectivas empresas.