Estudo aponta que negros e pardos sofrem mais com a Covid-19

Reunião vai abordar impactos do racismo e da desigualdade no adoecimento da população negra

Comissão de Direitos Humanos debaterá impactos da doença nessas populações, devido a questões socioeconômicas e raciais

Debater os 133 anos da assinatura da Lei Áurea e as consequências dos 388 anos de permanência da escravidão negra no Brasil no cenário de violações de direitos humanos desencadeado pela pandemia de Covid-19. Esse é o objetivo de audiência pública que será realizada na próxima quarta-feira (12) pela Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), no Auditório José Alencar, a partir das 13 horas.

Acompanhe a reunião ao vivo e participe do debate, enviando dúvidas e comentários.

Requerida pela presidenta da comissão, deputada Andréia de Jesus (Psol), e pela deputada Leninha (PT), a reunião destacará os impactos do racismo e da desigualdade social no adoecimento da população negra pela Covid-19.

De acordo com o Boletim Epidemiológico da última segunda-feira (10), 41% dos casos confirmados de Covid-19 no Estado que não evoluíram para óbito desde o começo da pandemia são de pessoas negras e pardas. Vinte por cento do total de casos não tiveram a raça informada.

Já a porcentagem de óbitos por Covid-19 de pessoas negras e pardas desde março do ano passado é de 49%. Sete por cento do número total de óbitos não tiveram a raça informada.

Segundo pesquisa realizada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), as causas para esses números seriam a falta de informação, de acesso à saúde básica, de saneamento e de políticas públicas direcionadas a esta população.

Na avaliação de Unaí Tupinambás, médico infectologista e professor de Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG, a explicação para essa diferença é a desigualdade social e econômica. “Durante a pandemia, a desigualdade foi escancarada. A mortalidade da população negra é muito mais alta, não só no Brasil, como também na Europa e nos Estados Unidos. Claro que nós temos que considerar aqueles determinantes sociais, que são muito importantes para a evolução de qualquer doença. A população negra e periférica tem condições de saúde muito mais precárias”, analisa.

Convidados – Participam do debate a coordenadora de Saúde Indígena e Políticas de Promoção de Equidade em Saúde da Secretaria de Estado de Saúde, Luisa Silveira; a coordenadora-geral do Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro-Brasileira (Cenarab), Makota Célia Souza; e a coordenadora Nacional do Movimento Negro Unificado, Angela Maria Gomes.

Ainda estão entre os convidados a presidente do Psol Belo Horizonte e Integrante do Núcleo de Negras, Negros e Indígenas do PSOL, Kátia Cristina Sales; a secretária estadual de Combate ao Racismo do PT-MG, Ofélia de Oliveira; e a secretária da Guarda de Moçambique de Nossa Senhora do Rosário e Congo da Comunidade de Quilombolas de Marinhos e Sapé, Nair Silva.