No ano passado o quitute passou a ser Patrimônio Cultural do município
Nos dias 27 e 28 deste mês (sexta-feira e sábado), a cidade de Passabém vai realizar o 1º Festival do Pastel de Angu com Festa Junina e Negócios no Arraiá. O evento faz parte do processo iniciado no ano passado para declarar a especiaria como prato típico do Patrimônio Cultural do Município.
O evento acontece na praça São José, onde, a partir das 18h, será retificado a escolha do prato já definido em meio a programação da já tradicional festa junina.
Com entrada gratuita, o festival contará com danças típicas das festas juninas, teatro e shows com Marcus Strada (sexta-feira) e a dupla Marcos e Lorrane (sábado). O público também terá a oportunidade de degustar a variedade de sabores do pastel de angu. Os principais ingredientes de sua receita é a massa de angu com diversos recheios que vão desde a tradicional carne moída com umbigo de banana até variações mais modernas como pizza e bacalhau.
Nas barraquinhas será possível encontrar outras comidas e bebidas típicas.
De acordo com a secretária municipal de Gabinete, Leana Bittencourt de Sá, a escolha do pastel de angu para representar o município se deve a forma que o prato foi inserido na culinária de Passabém e toda sua história. Segundo descrito no inventário culinário do município, a história do pastel de angu em Passabém se mistura com a própria história do município.
Relatos apontam que o pastel de angu surgiu no século XIX, em Itabirito pelas mãos de duas escravas, Maria Conga e Filó, usando restos do angu, principal alimento dado aos escravos. Como a carne era reservada aos senhores donos dos escravos, para o recheio elas faziam um guisado de umbigo de bananeira. As escravas foram levadas para dentro da casa grande e a senhora dona da casa grande, foi incorporando essa receita e passando para as gerações futuras, chegando aos dias atuais.
Segundo relatos de moradores do município, o quitute muito apreciado teria chegado às cozinhas das famílias tradicionais da região através da Sra. Onelar Alves Vieira, nascida em Barão de Cocais no ano de 1916 e casada com o Sr. Cândido da Costa, filho de um dos fundadores do município (Domingos Alves da Costa) se tornando tradicional e presente em todas as casas e festividades culturais da localidade.
Logo, este quitute passou a ser apreciado na região, com características específicas e saberes de sua produção, tendo como matérias primas principais o fubá, feito em casas de farinha da região, e o polvilho, sendo preparado em fogões a lenha. A receita era compartilhada entre as cozinheiras da região, apresentando, como uma das principais características, o recheio com carne bovina moída. Atualmente, a receita é compartilhada, basicamente, entre as mulheres, mães de família e moradoras da cidade.
No ano passado, o prefeito Ronaldo Agapito de Sá determinou que o quitute deveria ser declarado Patrimônio Cultural de Passabém. O evento, que leva o nome do salgadinho, contará pontos para o município no Programa ICMS Patrimônio Cultural, o qual garante repasse de verba para a cidade. “Ainda não estamos promovendo concursos entre as quitandeiras, mas o festival vai contar pontos para o ICMS Cultural, com benefícios para o município”, esclareceu Leana de Sá.