Fusão de turmas em escola especial provoca reação

Funcionários e famílias de alunos solicitam apoio de deputados contra ordem da Secretaria de Estado de Educação

Funcionários e pais de alunos com múltiplas deficiências solicitaram, nesta terça-feira (16/10/18), o apoio da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para evitar a fusão de turmas e um eventual fechamento da Escola Estadual Doutor Amaro Neves Barreto, uma escola especial que fica na região do Barreiro, na Capital.

O apelo foi feito durante reunião da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência, presidida pelo deputado Duarte Bechir (PSD). De acordo com a diretora da escola, Maria Piedade de Oliveira, a Secretaria de Estado de Educação lhe deu até o dia 22/10/18 para unificar cinco turmas de alunos especiais, com deficiências múltiplas e graves.

Tanto o deputado Duarte Bechir quanto funcionários da escola disseram temer que a redução do número de turmas seja uma forma de esvaziar a instituição e provocar seu fechamento, no futuro. “Já fecharam duas escolas especiais em Belo Horizonte, a Iolanda e a Maria de Lourdes”, afirmou a professora Sônia Villares.

De acordo com a diretora Maria Piedade de Oliveira, o argumento da Secretaria de Educação para a fusão de turmas é o número reduzido de alunos, que está entre 10 e 14 estudantes. Ela afirmou, no entanto, que essa alegação ignora outras questões importantes, tais como o tamanho das salas de aula e, especialmente, a gravidade das deficiências dos alunos.

“Há crianças com deficiências severas, que se auto-flagelam, que precisam de um acompanhamento constante. E o prédio que ocupamos foi adaptado, as salas são pequenas, sem ventilação e com pouca iluminação”, afirmou Maria Piedade.

A família de um dos alunos chegou a retirar todos os dentes de uma das crianças, para evitar que ela machucasse a si mesma. “Não há como colocar tantos alunos, nessas condições, em um local tão pequeno. Há possibilidade de acidentes graves”, alertou a diretora.

Depoimento – Maria da Piedade usou a própria história para defender o direito dos alunos com necessidades especiais a uma educação efetiva. “Enquanto portadora de uma deficiência, eu entendo o que é exclusão. Acho que a sociedade deveria estar preparada para receber qualquer pessoa”, afirmou.

Vítima de uma enfermidade que provoca descalcificação óssea, a diretora teve dificuldades para frequentar a escola, quando criança. “Eu tinha o corpo inteiro coberto de gesso. Meu pai me levou à escola em um carrinho, com uma prancha fixada na frente”, lembrou a diretora.