Escolas estão abertas, mas decisão de enviar os alunos é dos pais

Escolas particulares em Itabira já estão recebendo alunos há mais
de 30 dias. Setor público segue com baixa adesão

As escolas de Itabira estão abertas e liberadas para receber os alunos. O retorno será gradual. As crianças de 0 a 3 anos, serão as primeiras a serem recebidas no ambiente escolar.

As instituições de ensino foram preparadas seguindo todos os protocolos de segurança. Mas ainda assim são os pais que decidem se mandam ou não suas crianças para as aulas presenciais. Neste primeiro momento, assim como em toda parte do país, o retorno às aulas presenciais se dará em regime híbrido [semana presencial e semana on-line]. Somente na rede municipal são aguardados em torno de 10 mil alunos, desde os seis meses aos 15 anos de idade, ou seja, da educação infantil ao ensino fundamental II.
As atividades presenciais nas escolas das redes públicas municipal e estadual estão previstas em decreto publicado no último dia 31 de julho pelo prefeito Marco Antônio Lage (PSB). Entretanto, somente professores e demais trabalhadores retornaram às unidades de ensino. Eles passarão por um período de capacitação aos protocolos de biossegurança. Também só poderão voltar os professores que receberam a imunização completa, ou seja, as duas doses da vacina contra a Covid-19 ou a dose única.

Segundo a secretária municipal de Educação, Luziene Aparecida Lage, pesquisas mostram que a maioria dos pais é favorável ao retorno presencial das atividades e demonstram confiança. “De acordo com o levantamento que fizemos com as famílias, em questionário, aproximadamente 65% responderam à pesquisa e se sentem confortáveis para enviar os filhos ao retorno presencial, desde que os protocolos de segurança sejam cumpridos e as escolas preparadas, o que já está sendo feito para receber os mais de 10 mil alunos”, esclareceu.

Ela afirma que todos os cuidados estão sendo tomados, visando prover condições usuais e especiais neste cenário de pandemia, como manter as medidas normais de higiene; o uso obrigatório de máscara; garantia do distanciamento social; definição do número máximo de pessoas na sala de aula e o distanciamento entre as carteiras dos alunos. Os estudantes devem ser lembrados, todos os dias, a não compartilhar objetos de uso pessoal nem materiais pedagógicos – e a frequentemente higienizar as mãos com água, sabão ou álcool 70%, por exemplo. Cada escola ainda criou um plano de ação de retorno presencial gradual, cumprindo as exigências dos protocolos de segurança, que seguirão com o acompanhamento da secretaria.

Luziene Lage conta que o maior receio das famílias e dos profissionais da educação é o medo da contaminação e a preocupação com o percurso de ida e retorno dos estudantes e profissionais para as escolas. O ensino híbrido será oferecido para quem não se sentir seguro. Cada unidade escolar informará às famílias o cronograma, contendo o grupo de revezamento da participação nas aulas presenciais.

Para a secretária, o receio das famílias é pertinente diante das devastações já provocadas pela pandemia. Mas neste momento o importante para garantir a segurança dos professores e alunos é a colaboração mútua. “Precisamos contar com a parceria das famílias neste período de pandemia, portanto, vamos orientá-las sobre a necessidade do cumprimento rigoroso quanto aos procedimentos que serão adotados pelas escolas”.

Retorno das aulas divide opinião entre professores, pais e alunos

A situação da volta às aulas presenciais em meio à pandemia se mostra como uma verdadeira incógnita. Pais, alunos, professores, todos estão conscientes de que o contato entre professor e estudante é imprescindível para que o processo de ensino-aprendizagem aconteça de forma total. Por outro lado, o receio quanto à exposição a um risco maior de contaminação é uma realidade.

Maria da Piedade Costa é uma das profissionais que retornarão à sala de aula após um longo período. Para ela, no processo educacional, a interação entre o professor e o aluno é fundamental. “O professor cria meios de fazer o conhecimento chegar ao estudante, aproveitando, muitas vezes, até o erro dele. Virtualmente, isso é mais complicado. Quando um estudante pega somente atividades impressas na escola, é mais complicado ainda, pois não sabemos como o trabalho foi realizado”, diz.

Já Eunice Silveira, também professora, defende que o afastamento da escola poderá surtir um prejuízo maior nas crianças e adolescentes do que a própria pandemia. “Apesar da pandemia ainda estar aí, a vida já voltou praticamente ao normal. As escolas particulares já abriram, temos sim que iniciar esse movimento de reabertura das escolas ou os alunos da rede pública ficarão cada vez mais para trás, vendo suas chances futuras se deteriorando. Sem estudo, educação, eles não conseguirão se encaixar justamente no mercado de trabalho”.

Apesar das medidas que visam a segurança dos alunos no ambiente escolar, há mães que não acham o momento atual apropriado para a retomada das atividades. Um dos principais problemas apontados é a falta de infraestrutura das escolas públicas.

A técnica de administração Maria Rosa Silva disse que os filhos aderiram ao ensino a distância e se adaptaram bem devido aos esforços dos dois. Ela é contra o retorno das atividades presenciais enquanto os alunos não forem vacinados. “Tenho medo do contágio. A asma é um problema sério em Itabira e as escolas não oferecem condições estruturais como ventilação adequada, espaço para distanciamento e assim vai”.

Por outro lado, a doméstica Vanilza Rodrigues está entusiasmada com a volta às aulas presenciais. “Nós pais até tentamos ajudar os nossos filhos com a tarefa, mas não temos tempo e nem formação para ocupar o lugar de um professor”, afirmou.

Matéria publicada na edição 740 do Folha Popular