SALA VAZIA: está programado para hoje ato público, a partir das 17h, para discutir e divulgar os motivos da greve
Depois de dois anos praticamente sem aulas por causa da pandemia de coronavírus, alunos da rede pública estadual e Minas Gerais correm o risco de perder mais um ano. Dessa vez, o problema é provocado pela greve dos trabalhadores da educação. Deflagrada no último dia 8, Dia Internacional da Mulher, data escolhida estrategicamente devido a alta incidência de mulheres entre os profissionais da Educação, a greve dos professores não tem previsão para acabar. Em Itabira, segundo informações do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (SindUTE), a adesão atinge cerca de 90% da categoria. As principais escolas da rede estadual na cidade estão sendo obrigadas a fechar as portas.
A Escola Estadual Dona Eleonora e Major Lage tiveram o fechamento em dias diferentes da semana anunciados na rede social Facebook. A expectativa é de que a adesão continue a crescer. De acordo com a coordenadora e diretora da subsede do SindUTE de Itabira, Vanderléia Freitas, está sendo realizado um trabalho intenso de conscientização junto às escolas, mostrando a necessidade e importância da “luta” da categoria.
Além dos trabalhadores da Educação, é intenção do sindicato conseguir o apoio da comunidade escolar e de toda população. Para isso, foi programado um ato público, que acontece hoje, segunda-feira, 21, a partir das 17h, na praça Acrísio Alvarenga para discutir e divulgar os motivos da greve. O outro objetivo é a conscientização do itabirano. A luta desse movimento, explica a sindicalista, inclui o protesto contra o regime de recuperação fiscal em votação na Assembleia Legislativa, apontado como ameaça aos direitos básicos constitucionais.
“O ato de segunda-feira é com toda categoria da rede estadual e a população para mostrar a real situação dos trabalhadores em educação. Também buscar um diálogo com a sociedade a respeito do regime de recuperação fiscal e fazer a cobrança também aos vereadores que tem aí os seus deputados que vão apoiar nas próximas eleições para que não votem favoráveis ao regime de recuperação fiscal, que é um regime que vai sucatear ainda mais os serviços públicos, o básico que a sociedade tem direito que é educação, saúde e segurança”, diz.
Os trabalhadores cobram do governo Zema o pagamento do Piso Salarial Profissional Nacional (PSPN). De acordo com a direção do Sindicato, desde 2019, no início da atual gestão, o governo Zema foi cobrado em relação à aplicação dos reajustes do Piso. Entretanto, apesar de 19 reuniões realizadas com a Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag) e o envio de 39 Ofícios cobrando o pagamento do Piso, nada foi apresentado pelo Governo à categoria.
Diz o sindicato, o Regime congela salários e carreiras, proíbe realização de concursos e reajustes salariais por até nove anos, amplia as privatizações de empresas públicas. Precariza os serviços públicos.”
A sindicalista lembra que o cumprimento do piso salarial é uma demanda antiga dos professores no estado, que vêm cobrando de todos os governadores nos últimos anos. A Lei Federal 11.738, aprovada em 2008, e a Lei Estadual 21.710, aprovada em 2015, garantem o direito à categoria. De acordo com o Sind-UTE/MG, com o reajuste de 33,23%, o Piso do Magistério chegará no valor R$ 3.845,34 em 2022. O salário básico inicial na rede estadual, hoje, é de R$ 2.135,64. Mas, de acordo com Vanderléia Freitas, tem professor recebendo menos de dois salários mínimos e outros trabalhadores, responsáveis pela limpeza e cantina das escolas, recebendo piso inferior ao mínimo. “Qual o pai que está pagando uma faculdade para o seu filho hoje que vai aceitar receber menos de dois salários mínimos?”.
Em escolas particulares da cidade, o piso salarial de um professor das séries iniciais ao ensino médio pode chegar até a R$ 5 mil. No colégio Nossa Senhora das Dores, por exemplo, segundo dados do site Glassdoor, o salário do professor é em torno de R$ 4.964 e na rede municipal em 2021 variava entre R$ 2.575 e R$ 2.825.
Uma nova assembleia dos professores está marcada para a próxima quarta-feira, 23. Até lá, disse Vanderléia Freitas, a greve continua.