FOTO: Carretas e caminhões dos Correios abastecem central de distribuição. Entregas dispararam na pandemia
- Pesquisa mostra que os itens mais adquiridos foram calçados, roupas e TVs; em média, cada cliente comprou R$ 548 durante a pandemia
Uma pesquisa divulgada no dia 19 de junho pelo Instituto DataMG revela que os itabiranos compraram R$ 14 milhões pela internet durante a pandemia. O levantamento é inédito, logo, não é possível comparar com outros recortes temporais para avaliar se houve ou não crescimento e em que proporções. Apesar disso, é um dado que vale destaque – não pelo valor em si, mas pelo que ele representa.
O instituto afirma que 29% dos moradores da cidade com mais de 16 anos compraram pela internet durante a quarentena. Em média, gastaram R$ 548 em produtos, como calçados, roupas, peças de carro, TVs, dentre outros.
O que diz a CDL
Procurado para comentar os números, o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Maurício Henrique Martins, afirmou que soube da pesquisa, mas não teve acesso aos critérios observados pelo instituto. Ele disse acreditar, no entanto, que parte dos R$ 14 milhões apontados no levantamento é do próprio comércio local.
“Acho que neste momento de pandemia, o comércio de Itabira aderiu muito à venda online também. Acredito que parte desses R$ 14 milhões ficou no comércio daqui. Temos várias empresas com boas plataformas voltadas à venda online. Este mercado tem crescido, tanto externa quanto internamente”, afirmou o presidente da CDL.
Maurício Martins disse ainda que a loja física é muito defendida pela entidade, mas momentos como este exigem inovações e o comércio eletrônico é uma saída. “É um mercado competitivo, uma realidade. Isso não é estranho para a gente, não. Estamos em 2020 e há 10 anos, em uma feira em Nova York, tínhamos visto que esse mercado iria crescer”, afirmou o presidente da CDL.
Um iceberg
Quando ainda era presidente da Associação Comercial, Industrial, de Serviços e Agropecuária de Itabira (Acita), Eugênio Müller comentou sobre o aumento do comércio eletrônico em uma entrevista à imprensa. A discussão na época era sobre o itabirano comprar ou não em João Monlevade e o que as entidades do setor deveriam fazer. Eugênio afirmou que as compras nas cidades da região representavam apenas a ponta do iceberg, referindo-se ao comércio eletrônico, que já crescia substancialmente.
Empresas locais se reinventando
A pandemia, sem dúvida, acelerou o crescimento das compras pela internet. Com o isolamento social, muitas pessoas recorreram às lojas virtuais para adquirir até produtos essenciais.
Ao mesmo tempo, muitas lojas foram fechadas por força de decretos e a solução também foi a internet. Em Itabira, diversas empresas de segmentos diversos inauguraram aplicativos de venda, passaram a atender pelo Whatsapp ou aderiram a plataformas de marketplace para garantir o faturamento.
“Antes atendíamos delivery só por telefone e agora vamos lançar um aplicativo próprio”, diz Jaime Pereira, sócio de trailer de lanches no bairro Esplanada da Estação
É o caso de um trailer de lanches no bairro Esplanada da Estação. Com a pandemia e o fechamento do salão, o comércio viu o faturamento despencar, mesmo com o delivery funcionando. Jaime Pereira, sócio do negócio, conta que o jeito foi recorrer às possibilidades da internet. “Antes, atendíamos delivery só por telefone. Depois, aderimos ao Ifood e agora vamos lançar um aplicativo próprio para pedidos pelo smartphone. Com o aplicativo fica mais fácil para o cliente também, que tem acesso ao cardápio completo e faz o pedido de forma rápida e prática”, afirma o comerciante.
Dobro de participação em 2020
Em uma teleconferência com jornalistas no início deste mês, o presidente da Log Commercial Properties, empresa de logística do grupo MRV, afirmou que a procura de empresas de e-commerce por galpões cresceu significativamente durante a pandemia em todas as unidades da empresa no Brasil. Sérgio Fischer afirmou que a demanda fez a empresa inclusive repensar seus planos de expansão.
Uma reportagem do portal Mercado e Consumo também traz informações nesse sentido. Segundo a matéria, a expectativa é de que o comércio eletrônico dobre de tamanho este ano em relação ao ano passado. Antes da pandemia, as estimativas apontavam para um crescimento em torno de 15%. Em números absolutos, fala-se em R$ 120 bilhões em vendas.
Tudo indica que o comércio eletrônico é um caminho sem volta. Quem já tinha o hábito de comprar pela internet, tem comprado mais. Quem não tinha, aprendeu a usar as lojas online e os aplicativos por força da circunstância. Do lado dos comerciantes, não há outro caminho a não ser inovar e oferecer novas alternativas e experiências ao consumidor. Do contrário, estará fadado ao fracasso.