Donos de imóveis em área de risco se sentem no direito de cobrar indenização da Vale

Simulado nesta quarta-feira (23) treina itabiranos a fugir em eventual rompimento de barragem

21/04/2025 – Medo, depressão e desvalorização dos imóveis são alguns dos relatos de pessoas que moram na rota das barragens de rejeito da Vale. Esses moradores passaram a conviver com um potencial risco de rompimento das estruturas. Além do medo de terem que sair de casa a qualquer momento ao som de sirenes, eles apontam ainda a desvalorização dos imóveis agora em áreas de risco, situação que se comprova com a queda nos valores de aluguel e venda. Por esses motivos, pessoas ouvidas pela reportagem se sentem no direito de cobrar da Vale indenização por terem seus imóveis inseridos na rota da lama, fato gerado pela mineradora.

Esses locais receberam centenas de placas classificando-os como área de risco e com dicas de direcionamento para as zonas de autossalvamento (ZAS), uma saída para minimizar possíveis tragédias, como as que ocorreram com a barragem de Fundão, em Mariana, em 5 de novembro de 2015, e em Brumadinho, no dia 25 de janeiro de 2019, matando centenas de pessoas e deixando um rastro de destruição ambiental e incalculáveis danos sociais, fato que pode se repetir em cidades como Itabira, São Gonçalo do Rio Abaixo e Santa Maria de Itabira, que vivem com o drama do possível rompimento de barragem.

O som do medo
Em Itabira, berço da mineradora Vale, os moradores tentam conviver com os testes de sirenes – sempre às 10h do primeiro sábado de cada mês -, situação que segue afixando no subconsciente das pessoas o medo de uma avalanche de lama cobrindo casas, matando pessoas e animais, arrastando veículos e equipamentos.

Mais um simulado
Em busca de treinar as pessoas para uma eventual tragédia, acontecem em Itabira os simulados de rompimento de barragem, com ruas fechadas, sirenes ligadas, agentes de segurança ensaiando a ordem e a aglomerações de pessoas em áreas seguras, fato que se repete nesta quarta-feira (23), organizado pela Defesa Civil Municipal, com apoio da Vale, com início às 15h, direcionado à população que reside, trabalha ou transita na Zona de Autossalvamento (ZAS) das estruturas Cambucal I, Cambucal II, Conceição, Itabiruçu, Rio do Peixe e Sistema Pontal, todas da Vale.

O movimento interditará o trânsito de veículos em determinados pontos em Itabira, como nos bairros Hamilton, Machado, João XXIII, Fênix, Bálsamos, Belverede, Ribeira de Cima, Conceição, Abóboras, Rio do Peixe, Barro Branco, Barreiro, entre outros.

ZAS
A Zona de Autossalvamento (ZAS) é a região em que se considera não haver tempo suficiente para uma intervenção das autoridades competentes em uma suposta situação de emergência envolvendo barragens de mineração. A área é definida pelas seguintes distâncias: 10km ou a extensão que corresponda ao tempo de chegada da onda de inundação – ou seja, o caminho pelo qual o conteúdo da barragem seguiria em caso de rompimento – igual a 30 minutos.