Foram retirados do local 12 caminhões de lixo
Depois de anos em completo abandono, o campo de futebol do clube União voltou a sediar atividades de esporte e lazer no bairro Água Fresca e está atraindo de volta todo o seu público. O presidente do clube, Christiano Pascoal, disse que aos domingos, a comunidade do bairro e convidados contam com as mais diversas atividades, como brincadeiras no parque, realização de rancas e peladas, entre outras. O campo está inclusive em condições de voltar a sediar, ainda que de forma precária, partidas do Campeonato Amador. Isso só está sendo possível, graças à união de esforços entre esportistas e moradores do bairro para revitalizar o espaço.
As melhorias executadas envolvem manutenção, roçagem, limpeza geral, recuperação das redes elétrica e hidráulica e do piso do campo, desobstrução do estacionamento e regularização da documentação do campo. Foram retirados do local 12 caminhões de lixo.
- O espaço público deu lugar a usuários de droga
Christiano Pascoal disse que quando assumiu a presidência do clube, há três anos, o espaço não oferecia qualquer condição de uso. Um matagal tomou conta do espaço, que se transformou numa espécie de depósito de lixo clandestino e esconderijo de marginais. O espaço público deu lugar a usuários de drogas, que depredaram toda a estrutura, danificando os alambrados e as redes elétrica e hidráulica. As estruturas ainda sofreram com a ação do tempo, quando fortes chuvas comprometeram o gramado com formação de buracos.
“A primeira coisa quando assumi [a presidência do União] é que precisei correr atrás de documentação. O pessoal de outros bairros usava e não cuidava. Procurei a diretoria e juntamente com ela corri atrás da documentação, fizemos uma limpeza, mas a situação estava muito precária e ainda está, então fizemos uma arrecadação entre os diretores para realizar os serviços mais urgentes”, disse.
Segundo Christiano Pascoal, essa é a situação, na verdade, em que se encontra a maior parte dos campos de futebol e quadras esportivas da cidade. “O prefeito lançou aí o retorno do Campeonato Amador, mas em Itabira não temos campos para os jogos. Apenas dois receberam reparações com investimento do governo”, informou o esportista, apontando para os campos do Nova Vista e do Pedreira do Instituto.
Os campos de Itabira, diz o dirigente, clamam por socorro. Entregues em sua maioria à administração de entidades comunitárias, mandatários de clubes amadores, os espaços que deveriam ser locais de lazer e promoção esportiva estão abandonados e se tornaram reduto de usuários de drogas e até moradia de desabrigados.
Sem receber manutenção, na maioria dos casos, ficou impossível jogar bola. Ele explica que os campos de futebol são espaços tradicionais, que unem prática esportiva, competição, lazer e confraternização entre as comunidades.
- “Na campanha, os candidatos prometeram investir no esporte e no lazer”
O abandono dos campos, afirma o dirigente, antecede a pandemia de coronavírus. Mas depois do isolamento social determinado como protocolo contra a disseminação da doença, o problema só se agravou. Com o aumento da flexibilização, entretanto, aos poucos, conforme observa, as atividades também vêm sendo resgatadas e os espaços demandados. A expectativa dos clubes e dos líderes comunitários é de apoio do poder público. “Na campanha, os candidatos prometeram investir no esporte e no lazer, o próprio prefeito [Marco Antônio Lage, PSB] ficou de lançar um projeto para recuperação dos espaços, mas por enquanto estamos só nas promessas.
A demora preocupa os moradores em relação aos mais jovens e às crianças. Ele ressalta que sem um espaço para praticar esporte, lazer e sem orientação, os jovens ficam ociosos e vulneráveis ao assédio de traficantes e toda bandidagem. Para Christiano Pascoal, “a transformação social se passa pela ocupação do espaço com práticas de lazer e esportes pelos cidadãos e, com a revitalização do local, isso fica comprovado. “Sem ter uma ocupação, os jovens são atraídos pelas drogas e levados a caminhos muitas vezes sem volta”.
De acordo com ele, além de melhorar as práticas esportivas na comunidade, promover mais apoio ao time de futebol e ocupar o local com as atividades de lazer, as obras têm por objetivo oferecer novas oportunidades para crianças e adolescentes. Entretanto, o dirigente adverte que as comunidades não têm como bancar esse serviço sozinhas. Depende da ajuda da Prefeitura e demais autoridades. “Eu assumi o União há cerca de três meses e decidi com a ajuda de amigos recuperar o campo e toda a praça. Mas a gente está fazendo tudo do nosso bolso”, contou Christiano Pascoal.
- “O dinheiro não será suficiente para atender todos os campos da cidade”
Quando assumiu, os fornecimentos de luz e água estavam cortados por falta de pagamento, a instalação elétrica precisou ser refeita e foi necessário fazer vaquinha entre os jogadores e amigos para conseguir pagar tudo.
Apesar de já ter conseguido colocar o local para funcionar, Christiano Pascoal disse que ainda tem muito serviço para ser feito no local. Os banheiros e vestiários estão quebrados.
Na semana passada, ele disse que recebeu a visita de uma comissão da Secretaria Municipal de Esportes e Lazer, que foi informada de toda a situação e das necessidades. Na ocasião, ele foi informado de que o governo vai receber recursos para investir nos campos. A expectativa é de que a Prefeitura assuma as obras daqui para frente. Mas, antes de deixar o local, a comissão avisou que o dinheiro não será suficiente para atender todos os campos da cidade. “Acho que só quem chegou na frente ou que tem mais diálogo e proximidade na Prefeitura será contemplado”, concluiu.
Governo confirma programa de recuperação dos campos
A Secretaria Municipal de Esportes e Lazer confirmou os planos de investimento do prefeito Marco Antônio Lage (PSB) para os campos de futebol da cidade. De acordo com a Assessoria de Comunicação, o governo está preparando um programa inédito de requalificação dos campos públicos de futebol, que atendem ao futebol amador. Entretanto, o programa, que ainda está na fase de estudos, tem alcance limitado.
Todos os campos públicos da cidade estão sendo analisados por um técnico, encarregado de apresentar um diagnóstico dessas estruturas. O programa, entretanto, não terá como atender a todos de uma só vez. Num primeiro momento, serão contemplados de oito a 10 espaços. Os campos em condições de receber os jogos do Campeonato Amador de futebol terão preferência no atendimento.
Além dos campos públicos de futebol, um outro projeto do governo vai priorizar neste primeiro momento o núcleo do projeto Cada Campo Uma Escolinha, na modalidade de futebol, para atender crianças e adolescentes de ambos os sexos, por meio da Secretaria de Esportes, Lazer e Juventude.
O projeto prevê o atendimento às prioridades de cada campo e visa requalificar principalmente o gramado danificado no período de chuvas. De acordo com a secretária de Esportes e Lazer, Natália Lacerda, danos provocados pelas chuvas ao gramado comprometeram a segurança de uso. “Com os danos sofridos, o gramado passa a ser um risco para quem utiliza o campo. Isso faz parte do Programa de Políticas Públicas de Esporte e Lazer da Prefeitura de Itabira e está também no Plano de Metas do governo”, afirmou a secretária, por meio da Assessoria de Comunicação.
Não foram detalhados os serviços abrangidos pelo programa e nem informado o valor do recurso disponibilizado. Os serviços a serem realizados serão definidos com base no diagnóstico técnico encomendado. Ainda nesta semana, Natália Lacerda se reunirá com o técnico, para fazer um levantamento de itens, de materiais, insumos, tratores, máquinas que serão necessários para o serviço.
Matéria publicada na edição 755 do Folha Popular