A religiosa cidade de São Sebastião do Rio Preto é a campeã em números conflitantes, com 1.885 eleitores e apenas 1.492 habitantes, ou 393 (26,4%) mais votantes que habitantes (veja box 2)
O cruzamento de dados populacionais e de eleitores lançados nos sites do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) revela desigualdade em relação à estimativa populacional 2020 e número de eleitores aptos a votar nas eleições municipais deste ano, nos dias 15 e 29 de novembro (primeiro e segundo turnos).
Conforme os números, em pelo menos cinco cidades da microrregião de Itabira, o eleitorado é superior ao número de habitantes em até 26,4%, como é o caso de São Sebastião do Rio Preto, que tem população estimada pelo IBGE em 1.492 para este ano e 1.885 eleitores cadastrados no TSE até o dia 15 de setembro, ou 393 votantes a mais que habitantes.
Outro exemplo é Santo Antônio do Rio Abaixo, com estimados 1.760 habitantes e 2.146 eleitores, ou 386 eleitores “flutuantes”, excesso que pode definir, com folga, a vitória de um prefeito ou garantir até duas cadeiras na Câmara de Vereadores, conforme o quociente eleitoral e as novas regras da Justiça Eleitoral.
A situação também se repete de forma estranha em Itambé do Mato Dentro, que tem estimados 2.056 habitantes e um colégio eleitoral inflado por 2.390 pessoas, ou 334 eleitores a mais.
A situação se agrava quando se leva em consideração que em média 24,2% dos moradores de uma cidade têm entre 0 e 16 anos, portanto, sem direito a voto.
Se este exemplo de crianças e adolescentes for considerado em Itambé, significa que a cidade deveria ter no mínimo 2.928 habitantes e 2.390 eleitores, o que, nem de perto, é o caso.
Para regularizar esta situação, os cartórios regionais eleitorais implantaram a revisão eleitoral com o cadastramento biométrico. Em São Gonçalo do Rio Abaixo, por exemplo, os números também chamavam a atenção.
Nessa cidade, o serviço foi lançado em 2019 e o número de habitantes, que era de 10.683 em 2016 e de eleitores 10.747 (64 eleitores a mais), neste ano apresenta queda tímida, com 11.019 habitantes e 10.072 eleitores.
Ainda assim, divergentes, se 24% dos habitantes, cerca de 2.600 pessoas em média, não têm idade para votar.
Há uma explicação para a divergência numérica, mesmo sendo gritante na maioria dos casos. Conforme o candidato a vereador J.M.S, no interior é comum as pessoas se mudarem para outras cidades em busca de trabalho, contudo, “estes moradores ausentes mantêm o título eleitoral na cidade natal, para onde regressam também no dia das eleições”, argumenta.