Dona de casa em Itabira verifica os preços em supermercado
Um novo estudo do Banco Mundial analisa possíveis impactos da inflação, do aumento das taxas de juros e do recuo das principais economias do planeta, alertando para um risco de recessão global no ano que vem.
Economia global sofre a desaceleração mais acentuada desde a década de 70. EUA, China e zona do euro tiveram retração drástica da economia.
Os aumentos nos juros podem deixar a taxa de inflação central global em cerca de 5% em 2023. É quase o dobro da média de cinco anos antes da pandemia, segundo o estudo.
Legenda: Alta nos preços dos alimentos vem impulsionando a inflação global.
Um novo estudo do Banco Mundial alerta para o risco de uma recessão global em 2023, além de crises que podem causar danos duradouros às economias em desenvolvimento.
O documento vem a público no momento em que a economia global sofre a desaceleração mais acentuada desde a década de 70. As economias dos Estados Unidos, China e da zona do euro, as três maiores do mundo, recuaram drasticamente.
Além disso, em 2022, os bancos centrais de todo o globo estão aumentando as taxas de juros em um grau de sincronicidade inédito nas últimas cinco décadas. A medida tem o objetivo de responder a alta da inflação, que foi impulsionada pela pandemia de COVID-19 e pela guerra da Rússia contra a Ucrânia, especialmente nos setores de energia e alimentos.
Os aumentos nos juros podem deixar a taxa de inflação central global em cerca de 5% em 2023. É quase o dobro da média de cinco anos antes da pandemia, segundo o estudo.
Para reduzir a inflação global a uma taxa correspondente às suas metas, os bancos centrais podem ter que aumentar as taxas de juros em 2 pontos percentuais adicionais, de acordo com o relatório.
Definição técnica – Caso isso seja acompanhado por estresse no mercado financeiro, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) global poderia desacelerar para 0,5% em 2023, ou seja: uma contração de 0,4% em termos per capita, que atenderia à definição técnica de uma recessão global.
De acordo com a publicação, a parcela de países que apertarão as políticas fiscais em 2023 deverá atingir o nível mais alto registrado desde o início da década de 1990.
Por esse motivo, os formuladores de políticas públicas devem estabelecer planos fiscais viáveis no médio prazo e fornecer ajuda direcionada às famílias vulneráveis.
O estudo também recomenda a criação de políticas públicas para trazer os desempregados de volta ao mercado de trabalho, incrementar a oferta global de produtos básicos, reduzir o consumo de energia e fortalecer as redes de comércio global.
The Guardian
- BRASIL
A economia brasileira também corre o risco de sofrer um freio abrupto, crescer menos que a taxa da média mundial e, para 2023, viverá uma situação ainda mais difícil. O alerta é da Conferência da ONU para o Comércio e Desenvolvimento que publica seus novos dados globais para a economia do planeta. “Após uma breve recuperação em 2021, a economia brasileira está agora em risco de uma desaceleração abrupta, chegando a 1,8% de crescimento em 2022”, afirmou o informe.
“Independentemente dos resultados eleitorais de 2022, provavelmente haverá um impulso fiscal negativo em 2023, o que, juntamente com os efeitos desfasados do aperto monetário, deverá reduzir o crescimento do PIB para apenas 0,6% em 2023”, alertou a conferência.
A ONU de fato fez uma revisão para cima do crescimento da economia brasileira, em comparação aos dados que havia apresentado no início do ano. A alta foi de 0,5 ponto percentual. No lugar de um crescimento de 1,3%, a perspectiva agora é de uma expansão de 1,8%. Mas, ainda assim, o desempenho está muito abaixo dos 4,6% registrados em 2021.
A revisão para cima foi insuficiente para recolocar o Brasil na média do crescimento mundial, de cerca de 2,5% para 2022. A economia brasileira também crescerá abaixo da média da América Latina, que terá crescimento de 2,6%. Entre as grandes economias do mundo, apenas a África do Sul, Japão e Alemanha terão taxas mais baixas de expansão do PIB que o Brasil, além do caso da Rússia, que está em guerra. Para 2023, a taxa de crescimento do Brasil de apenas 0,6% é muito inferior ao crescimento médio mundial de 2,2%. Uma vez mais, o país está entre os lanternas do crescimento mundial entre as maiores economias do mundo.
Apenas três mercados europeus terão uma expansão mais pífia que a brasileira no ano que vem.