Posto de combustíveis em Itabira
Se o preço continuar aumentando sem controle do jeito que está, motoristas de aplicativo dizem que a atividade, pelo menos em Itabira, vai acabar
Com a escalada dos preços dos combustíveis no país, os setores de transportes de cargas e passageiros foram atingidos em cheio em Itabira. Com os sucessivos aumentos anunciados pela Petrobras, os combustíveis já acumulam alta superior a 50% em 2021. O último reajuste foi autorizado pela Petrobras na terça-feira (26). O aumento foi de 7,05% para a gasolina e 9,15% para o diesel. Com isso, em Itabira a gasolina comum já é vendida a R$ 7,079 comum e R$ 7,229 a aditivada e o etanol a R$ 5,06.
Nesses 10 meses, segundo dados divulgados no site da Agência Nacional de Petróleo (ANP) os aumentos frequentes de preço da gasolina foram 11, enquanto o diesel foi reajustado 12 vezes com 9 aumentos e 3 reduções. Diante do cenário, representantes de empresas de transporte e motoristas profissionais reveem suas expectativas para o desempenho no exercício e falam em mudança de ramo.
“Os aumentos consecutivos estão ameaçando empregos e toda a prestação de serviços de transporte. Os motoristas não aguentam mais manter seus veículos e estão desistindo da função e não sabemos o que fazer. Precisamos de um socorro”, alertou a gerente da Cooperativa de Transporte Autônomo (Cooperita) Valéria Cristina Ferreira.
A cooperativa reúne atualmente 100 motoristas que prestam serviços a empresas e particulares de Itabira e região. Depois do último reajuste feito pela Petrobras, vários dos cooperados anunciaram a intenção de desistir.
Esse é o caso de José Geraldo Mendes. Taxista tradicional em Itabira, ele é praticamente um dos fundadores da cooperativa. Entretanto, com a gasolina custando R$ 7,08 na bomba, José Geraldo disse que está repensando sua continuidade no serviço. “Deixar o carro na garagem está dando menos prejuízos com o combustível no valor que está”, avaliou.
Se o preço continuar aumentando sem controle do jeito que está, motoristas de aplicativo dizem que a atividade, pelo menos em Itabira, vai acabar. “Não está compensando mais fazer Uber [corridas por aplicativo]. Desde que a gasolina começou a disparar o preço, a quantidade de veículos disponibilizados só caiu. Só continuam pessoas que têm atividade como bico [um serviço extra]”, contou o motorista Fernando Machado.
Ele se apresenta como um exemplo neste caso. Antes, Fernando Machado disse que estava se mantendo 100% com o negócio de transporte de passageiros. Mas viu a renda despencando com a redução da circulação de pessoas provocada pelas regras de segurança da pandemia de coronavírus e agravada pelas constantes altas do combustível. “Tive que conseguir um emprego e o aplicativo deixei em segundo plano, só recorrendo a ele em momentos de folga”.
Outro que está parando aos poucos com o serviço é Guilherme Reis. Em seu caso, o problema é ainda mais grave, porque trabalha com carro alugado. Além de ter se filiado a uma cooperativa com salário fixo, passou a ser mais seletivo na prestação do serviço particular. “Quando recebo uma chamada eu olho primeiro se o valor vai compensar a corrida. Na verdade, estou dispensando mais do que aceitando”, admitiu. Se preparando para se casar, ele disse que precisa de uma renda mais segura e evitar qualquer prejuízo.
No geral, Guilherme Reis falou que com tudo isso, os usuários estão tendo de esperar mais tempo por uma viagem porque, especialmente nos horários de pico, há mais chamados do que parceiros dispostos a realizar viagens. Também é grande o número de cancelamento das viagens, deixando a clientela desassistida.
Dentro da mesma perspectiva, outras categorias, como caminhoneiros, motoboys e mototaxistas se preocupam com suas rendas, ao assistirem à escalada do severo aumento no preço dos combustíveis.