“A Vale brinca com os trabalhadores, responsáveis pelos bilhões de lucros dela”

Assim resumiu o André Viana, presidente do maior Sindicato da região, o Metabase. Visivelmente indignado, o sindicalista saiu da reunião em Belo Horizonte na manhã desta quinta (25) “perplexo com a proposta da empresa Vale, depois de três dias de pura prosa para encher linguiça”. A data-base era 1º de novembro e o sindicato conseguiu a prorrogação para 30 de novembro, já que estava em período de transição devido as eleições sindicais ocorridas em meados de agosto. À época, André Viana já previa que “não seria fácil, mas tinha esperança que a Vale fosse ao menos mais respeitosa, já que os trabalhadores estavam batendo recordes de produção e consequentemente, recordes nos lucros.”

No segundo encontro com os representantes da Vale, a diretoria executiva (9 diretores) esteve acompanhada pelos diretores do Sindicato Metabase de Congonhas (Inconfidentes) que também saíram revoltados. De acordo com Valério Vieira, diretor do Inconfidentes, “o que a Vale fez foi a prova maior do desprezo que ela tem pelos trabalhadores, que fazem dela ser a maior do mundo. Mas juntos com o Metabase de Itabira vamos vencer essa gigante arrogante.” Disse em tom de desabafo.

André Viana protestou ainda sobre os outros sindicatos: “Não é possível que os presidentes dos outros sindicatos não consigam entender que neste momento temos de unir forças para encarar a Vale. O acordo coletivo é um, a pauta é uma só, então porque alguns sindicatos querem sentar separadamente, em segredo com a direção da Vale? O que há de benéfico nisso para os trabalhadores?”

Desde que André assumiu a frente do Metabase, ele iniciou uma campanha de unidade dos 13 sindicatos que formam o grupo sindical dos trabalhadores da empresa no Brasil. A gestão passada discutia com a empresa sempre com sindicatos do Maranhão, Rio de Janeiro e Espírito Santo, o que o sindicalista discorda: “Não seremos omissos, não seremos pelegos. Não podemos mais comer os restos que caem da mesa da Vale, por isso essa semana reforçarei o convite a sermos uma só força.”

Bruno Gomes, Diretor da entidade que integrou a comitiva reforçou: “O que a Vale quer mais? Motivos não faltam para termos um excelente reajuste salarial! Dinheiro não falta! O arrocho salarial vem há anos e o poder de compra cai a cada dia. O trabalhador que muitas vezes faz função de dois operários precisa ser valorizado”.

Conheça a proposta da Vale para os trabalhadores:

Reajuste salarial: 4,2 %

-Vale Alimentação

R$ 717,50 reais (não haverá reajuste)

13º Crédito permanece 10 dias após assinatura

-Periculosidade:

Manutenção para os empregados atuais e pagamento somente acima de 30 minutos de exposição aos novos contratados

-Adicional Noturno

8 horas – mantém 65%

6 horas – passa para 45% e será compensado com um reajuste salarial 3,5% (cumulativo).

-Horas In itinere

Retirada das horas mensais

Prêmio Assiduidade (Reposição)

Pagamento semestral do mesmo valor acrescido de 10%.

O cálculo será feito em cima da frequência do funcionário.

-Banco de horas negativo

Caso funcionário queira será feito

-Banco de horas positivo

Pagamento de horas automaticamente quando atingir determinado teto.

RECORDES E LUCROS

A Vale superou a fabricante de bebidas Ambev e se tornou a empresa mais valiosa da bolsa de valores valor de mercado de R$305,07 bilhões. Quebrou a emblemática barreira de produção de finos de minério de ferro de 100 milhões de toneladas em um trimestre, alcançando o novo recorde de 104,9 milhões de toneladas no 3º Trimestre/2018, contra 96,8 milhões de toneladas no 2º Trimestre/2018, atingindo um ritmo de produção de 400 milhões de toneladas.

Em Itabira a produção do segundo para o terceiro trimestre aumentou 4,1% . Comparado o terceiro trimestre para o trimestre de 2017 a produção aumentou 13,8% e comparados os últimos nove meses com do ano anterior aumentou em 10,8%. No terceiro trimestre a Vale lucrou R$5,7 bilhões de reais, acumulando no ano R$11,171 bilhões.