FOTO: Há mais de meio século trabalhadores da CVRD transportavam minério em cestos de vime
Itabira busca alternativas que diminuam impactos com o fim da exploração do minério de ferro pela Vale. De acordo com o relatório 20F, destinado ao mercado internacional e publicado pela empresa em maio de 2018, a previsão é que as minas Conceição 1 e 2 cheguem à exaustão em nove anos.
O Fórum Itabira Sustentável, nos dias 22 e 23 de outubro, é uma das iniciativas da Prefeitura conforme o Grupo de Trabalho (GT), criado a partir do anúncio publicado pela Vale.
Contudo, não se sabe ao certo o que seria a pós-mineração em Itabira por falta de informações claras da Vale, que trata suas ações pautadas em interesses comercial e acionista.
Fontes apontam que na verdade não é o minério de Itabira que chega ao fim em 2028, e sim as licenças para minerar as atuais minas.
Outra informação aponta que hoje as novas reservas de Itabira apresentam altos índices de itabirito, minério considerado mais compacto e difícil de ser trabalhado, mas com considerável teor de ferro.
A Vale não se pronuncia claramente sobre o itabirito para evitar expectativas e especulações, mesmo tendo investido R$ 5 bilhões em um potente britador na usina de Conceição e revitalizado a usina Cauê. A resposta para tal investimento seria pela possibilidade de receber e processar minério de ferro do quadrilátero ferrífero composto por cidades como Caeté, Barão de Cocais, Santa Bárbara, Itambé do Mato Dentro, Morro do Pilar e Conceição do Mato Dentro, estas duas últimas cidades, com estudos avançados para definir forma de transporte de minério até as usinas de Itabira.
Por outro lado, a Vale também concentra esforços no projeto projeto S11D, no município de Canaã dos Carajas, no Pará, sendo este o maior complexo minerador da história da Vale, o que deve justificar, em breve, anúncios pela redução de exploração de minério de ferro em Minas Gerais.
Itabira Sustentável quer afastar drama do pós-mineração com conhecimento e inovação
Centenas de pessoas lotaram o teatro da Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade nos dias 22 e 23 de outubro para acompanhar o Fórum Itabira Sustentável – Educação e inovação como caminho para a diversificação econômica, o mesmo que agregar tecnologia e conhecimento aos produtos e serviços em um país onde predomina a cultura do extrativismo.
A abertura foi precedida por coletiva na terça-feira (22), às 18h, no salão da fundação, com participação do prefeito de Itabira, Ronaldo Lage Magalhães; reitor da Universidade Federal de Itajuba (Unifei), Dagoberto Almeida; vice-reitor Marcel Marentoni, diretor regional de sustentabilidade da Vale, Sérgio Leite; secretário municipal de Obras, Ronaldo Lott.
Eles responderam a perguntas relacionadas ao repasse de R$ 100 milhões pela Vale para construção de três novos prédios no campus Unifei de Itabira, o que possibilitará elevar de 2.250 para mais de 4 mil alunos e a implantação de novos cursos. O acordo promete tonificar a educação e pesquisa tecnológica e fazer de Itabira modelo nacional após mineração.
Já às 19h, políticos, membros da Vale e Unifei tomaram assentos no palco para apresentar as propostas do fórum e assinatura da parceria financeira.
O Fórum Itabira Sustentável é mais uma das ações do Grupo de Trabalho (GT) de Itabira, liderado pela Prefeitura e integrado pela Vale, Câmara de Vereadores, Associação Comercial, Industrial, de Serviços e Agropecuária de Itabira (Acita) e por instituições de ensino superior.
Quanto à parceria, conforme a Vale, que vai repassar R$ 100 milhões para a Prefeitura, é apoiar Itabira a se tornar um polo de educação e inovação referência no estado. A mineradora acredita que a iniciativa contribuirá também para reduzir a dependência econômica do município com a mineração.
Os valores serão repassados de forma gradual conforme cronograma de etapas que está sendo estruturado. O montante vai viabilizar a construção de mais três prédios da Unifei, com salas de aula e laboratórios. Na ocasião, também foi assinado outro protocolo de intenção direcionado para o fomento dos programas de educação definidos pelo Hub de Educação e Tecnologia de Itabira. A forma de implementação do recurso aos projetos educacionais, cerca de R$ 20 milhões, está sendo discutida.
De acordo com estudos da própria Unifei, a ampliação da universidade, com a construção de três novos prédios, aumentaria a oferta de cursos e duplicaria as vagas na graduação. O número de alunos e saltaria de 2.250 para mais de 4 mil. A expectativa é que após o processo de expansão, a universidade tenha 10 mil alunos, o que representaria um acréscimo de R$ 260 milhões anuais à economia da cidade. Atualmente, a Unifei possui 145 professores e 84 servidores técnico-administrativos, distribuídos em nove cursos de graduação e cinco programas de pós-graduação.
Na quarta-feira (23), as atividades aconteceram das 9h às 18h, com 13 palestras e debates.
Na ocasião, foram apresentados casos de sucesso na introdução de programas de fortalecimento da educação e do desenvolvimento de ecossistema de inovação por meio de palestras. O fórum contou ainda com uma programação de painéis de educação e inovação além da participação de toda a comunidade acadêmica da região.